Brasília, 27/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - Pesquisadores alagoanos desenvolveram uma técnica de enriquecimento da palma que pode revolucionar a pecuária no semi-árido nordestino. Ao contrário da planta in natura, que é utilizada como alimento apenas nos períodos de seca, a sacharina-da-palma pode alimentar o rebanho durante o ano inteiro sem comprometer a saúde do animal.
A sacharina-da-palma contém até 20% de proteína bruta - cinco vezes o teor da planta in natura - a um custo bem inferior às rações produzidas com milho ou farelo de soja. A técnica é bem simples: depois de triturada em pequenos pedaços, a palma é enriquecida com uréia, fósforo, sulfato de magnésio, cloreto de sódio e fertilizantes. Antes de ser servido ao gado, o material deve ser revirado quatro vezes no dia - a cada seis horas – para consolidar a mistura dos ingredientes.
Segundo o coordenador da pesquisa e agrônomo da Secretaria de Agricultura de Alagoas, Fernando Gomes da Silva, a nova ração já é testada e aprimorada na bacia leiteira alagoana e em outros estados. A idéia é capacitar agentes produtivos para que eles implementem a tecnologia em suas propriedades e a divulgue por toda a região.
As quantidades de cada componente da mistura, para uma tonelada de palma, é a seguinte: cinco quilos de uréia, dois quilos de uma fonte de fósforo, um quilo de sulfato de magnésio, um quilo de cloreto de sódio e cinco quilos de fertilizantes. A ração é seis vezes mais barata que o farelo de soja e custa metade do preço do milho em grão.
A pesquisa, que consumiu vários meses de trabalho, foi financiada pelo Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundeci) do Banco do Nordeste do Brasil (BNC), que já destinou cerca de R$ 5 milhões para pesquisas em agricultura, biotecnologia e pecuária.