Ação antidumping dos EUA no caso dos camarões brasileiros dificulta Alca, diz ministro

26/02/2004 - 18h19

Brasília, 26/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, José Fritsch, disse à Agência Brasil que a ação de antidumping, movida por pescadores americanos contra três empresas exportadores de camarão brasileiras - que, de acordo com os EUA, estão associadas para vender produtos no mercado americano a preços mais baixos que os de custo - dificulta a aproximação das relações comerciais do Brasil com os Estados Unidos, na formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). "Vamos dizer aos representantes do governo americano que trata dos assuntos da Alca que uma ação de antidumping não contribui em nada para avançar em qualquer tipo de articulação nessa direção", afirmou.

Ele busca uma solução diplomática para a ação anti-dumping, que está em processo no Departamento de Comércio Exterior dos Estados Unidos. Na próxima quinta-feira, o ministro irá se reunir com o representante comercial da Casa Branca e interlocutor dos Estados Unidos na Alca, Robert Zoellick, com o assistente especial do presidente George Bush para a América Latina, embaixador Thomas Shannon, e com representantes do Departamento de Comércio dos Estados Unidos (DOC), nos Estados Unidos. Fritsch terá reuniões também com produtores americanos de camarão.

Segundo o ministro o objetivo é mostrar que o baixo custo da produção brasileira se deve à alta produtividade. "Não temos nenhuma prática de subsídio ou de ação das empresas no sentido de exportar o camarão abaixo do custo de produção. Então vamos dizer para eles que nós produzimos quase o dobro da média mundial", disse.

O ministro quer mostrar também que o Brasil, pela pequena participação nas importações americanas, 4%, não contribui para as perdas dos produtores americanos, caso seja provada a prática de dumping. "Se isso for provado, vamos trabalhar para que a taxação seja a menor possível", afirmou.

Segundo Fritsch, os produtores brasileiros precisam investir na abertura de outros mercados e também estimular o consumo interno. "Temos vários projetos sendo desenvolvidos pelo governo, que agora serão intensificados na organização da cadeia produtiva do camarão, processamento e agregação de valor", afirmou.

Para o ministro é necessário também investir em política de incentivo ao consumo interno, com articulações com supermercadistas. "Com isso podemos estimular uma maior oferta, maior consumo e conseqüentemente redução do preço para o consumidor", argumentou. Para o ministro a participação em eventos e feiras internacionais também pode estimular a abertura de mercados.