Pequeno agricultor brasileiro expõe produtos orgânicos em feira na Alemanha

20/02/2004 - 17h22

Brasília, 20/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - Até o próximo domingo (22), 45 pequenos produtores brasileiros de agricultura orgânica participam em Nuremberg, na Alemanha, da BioFach 2004. A feira, que começou ontem e reúne 1,8 mil expositores, deve estimular os negócios brasileiros de produtos orgânicos no exterior.

Segundo a Agência de Promoção de Exportações (Apex), 92% do público visitante da feira é formado por representantes dos principais setores do mercado: varejo (31%), fabricantes (25%) e serviços (15%).

No ano passado, o Brasil exportou US$ 100 milhões em produtos orgânicos, e a expectativa da Apex é de um crescimento de 15%, neste ano. Só na BioFach 2003, foram fechados negócios da ordem de US$ 5,5 milhões, com vendas de 8,8 mil toneladas.

Segundo o presidente da Apex, Juan Quirós, para o Brasil concorrer no mercado exterior é necessário que os pequenos produtores se organizem em cooperativas. "O Brasil tem que encurtar caminhos, com a organização dos produtores, investimentos para processar os produtos e exportá-los com valor agregado", argumentou.

Somente na Apex, estão cadastrados 3,3 mil produtores familiares de agricultura orgânica. "A agricultura familiar tem um potencial grande para gerar emprego e renda", disse Quirós. Para ele, a estratégia brasileira é ampliar a participação dos produtos brasileiros na Alemanha, Japão e Estados Unidos. "Estamos também iniciando estudos para verificar o potencial brasileiro, para exportar para os Estados Unidos", disse.

A Alemanha é o principal consumidor do Brasil, com um mercado de US$ 9 bilhões em importações. O presidente da Apex revelou que, na visita que fez àquele país, reuniu-se com supermercadistas, para discutir a demanda e de que forma o Brasil pode atendê-la. "Na Alemanha, existem supermercados só de produtos orgânicos, daí a importância de negociar com eles", explicou. Segundo ele, a Apex já identificou o interesse por feijão, mandioca, mel, caju e cachaça.

Os estados Unidos são o principal mercado mundial de importação de produtos orgânicos, com US$ 13 bilhões. Em segundo lugar vem a Alemanha, com US$ 9 bilhões, e em terceiro, o Japão, com cerca de US$ 7 bilhões. Segundo a Apex, os japoneses importam 80% de seus alimentos e cerca de 10% são produtos orgânicos. Anualmente, o mercado mundial movimenta US$ 30 bilhões.

De acordo com o presidente da Apex, as negociações com outros países envolvem também o investimento externo na produção brasileira. "O importador pode financiar a produção brasileira, com juros de 4% ou 5% ao ano e a garantia é a própria produção", explicou. Segundo Quirós, a vantagem para o produtor é a garantia de vender seus produtos. "Além disso, se o preço no exterior for maior do que o negociado, o produtor recebe a diferença. Para o importador, a garantia é de que irá receber o produto", afirmou.