Meirelles justifica ''estouro'' da inflação em 2003

20/02/2004 - 10h44

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Banco Central continuará, ao longo deste ano, a administrar a política monetária "de forma consistente com o regime de metas para a inflação", que prevê Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,5% no acumulado janeiro-dezembro. É o que enfatiza o presidente do BC, Henrique Meirelles, em carta aberta enviada ontem ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

No documento Meirelles justifica o descumprimento da meta de 8,5% para a inflação do ano passado, que ultrapassou o limite em 0,8 ponto percentual, com a inflação anual marcando 9,3%. Embora dentro do "limite de tolerância" de 2,5% para mais ou para menos, foi o terceiro ano seguido em que as políticas econômicas não conseguiram "domar" os preços de mercado.

Meirelles lembra na carta (divulgada hoje cedo pela Assessoria de Imprensa do BC) que havia, nos primeiros meses de 2003, um processo de "persistência inflacionária", em virtude da "deterioração das expectativas" observada no último trimestre de 2002. As incertezas sobre a condução futura da política monetária geraram grau de inércia favorável ao aumento da inflação.

Aliado a isso, o presidente do BC revela que os preços administrados por contrato e monitorados exerceram mais pressão inflacionária que os preços livres. Principalmente pelas correções de preços de transporte coletivo, energia elétrica e telefone. Os preços administrados aumentaram 13,20%, enquanto o crescimento dos preços livres foi de 7,79%, de acordo com a carta de Meirelles.

Embora os preços administrados tenham menor peso na composição final do IPCA, eles participaram com 3,76 pontos percentuais (40,43%) da inflação de 9,3%. Historicamente, essa participação tem sido em torno de 28%.