Senador promete enfrentar PL para manter CPI dos Bingos

19/02/2004 - 17h23

Brasília, 19/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O senador Magno Malta (PL-ES) prometeu manter o pedido de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, mesmo se for preciso enfrentar a cúpula do PL _ partido da base de apoio do governo federal. Malta desmentiu os boatos de que a CPI teria sido montada junto com o Palácio do Planalto para evitar investigações mais profundas sobre as denúncias contra o ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz. "Não retiro a CPI de jeito nenhum. Isso aqui não é CPI para isentar o Waldomiro. É CPI para investigar a contravenção e o Waldomiro que está a serviço dela", disse Malta.

O senador esteve ontem com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, de quem Waldomiro foi colaborador. Ainda, assim, o encontro não o fez mudar de opinião quanto à necessidade de instalação da CPI dos Bingos. Malta argumenta que, apesar de ser aliado do governo, não pode "fechar os olhos" para o crime registrado na fita divulgada pela revista "Época" da semana passada. "Eu sou aliado, mas tenho que agir com minhas convicções. Não sou subserviente e acho que a melhor maneira de esclarecer tudo é investigar".

Malta negou que esteja sendo pressionado a desistir da CPI ou que tenha recebido alguma proposta como moeda de troca pela instalação da comissão. O senador esteve hoje no Ministério das Comunicações. Daí as especulações de que ele estaria recebendo promessas de concessões de rádio para recuar na CPI. "De jeito nenhum. Nada me foi oferecido", afirmou.

O senador convocou uma entrevista coletiva para falar sobre o caso. Saiu várias vezes em defesa do ministro José Dirceu. "Não tenho razão nenhuma para desacreditar do ministro Dirceu. Tenho por ele o mesmo apreço, a mesma consideração, amizade". Segundo ele, o ministro "é importante para o Brasil e importante para o governo Lula". Para o senador, houve um exemplo clássico de traição entre amigos. "Tem até aquele filme ‘Dormindo com o Inimigo’. Você pode levar bola nas costas na sua casa. Qualquer um está sujeito a uma situação desta".

Se o requerimento para a CPI for rejeitado, Malta garante que vai contestar a decisão da Mesa Diretora. "Se isso acontecer ficarei muito triste, mas vou conversar com meus técnicos porque acho que o fato é a contravenção. Não sou doutor em CPI, mas o fato está na cara de todo mundo. Isso está claro no requerimento", disse. Malta vai dar entrada no pedido da CPI depois do carnaval para conseguir, segundo explicou, o máximo de assinaturas possíveis.
Até o momento, ele afirma ter 33 assinaturas para a abertura da CPI, seis a mais que o mínimo de 27 exigidas pelo regimento do Senado. O senador Cristovam Buarque (PT-DF), ex-ministro da Educação, é um dos signatários. No texto apresentado pelo senador capixaba à imprensa constavam apenas as 27 assinaturas mínimas. As demais, segundo Malta, estão com a senadora Heloísa Helena (sem partido-AL), parlamentar recentemente expulsa do PT, que também trabalhou pela coleta de nomes.