Brasília, 19/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil mantém apoio às pretensões da Rússia de entrar na OMC (Organização Mundial do Comércio), mas quer que Moscou reduza as barreiras impostas à carne brasileira.
"As negociações da OMC são políticas, mas às vezes se detêm muito em questões de produtos. A solução que for dada à questão ajudará no nosso ânimo em poder apoiar o rápido ingresso da Rússia na organização", propõe o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Em 2003, o Brasil exportou US$ 1,5 bilhão para a Rússia e importou US$ 555 milhões. Os principais produtos vendidos pelo Brasil foram açúcar, carnes suína , bovina e de frango, fumo e café.
A questão da carne, porém, tem preocupado os brasileiros. O tema foi abordado nessa manhã durante conversa entre o vice-primeiro ministro da Rússia, Boris Alioshin, e o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Segundo Alioshin, foram discutidas todas as premissas que poderiam contribuir para um maior fornecimento de carnes à Rússia. "Combinamos que vamos continuar negociando uma solução que seja boa para os dois lados", afirmou.
As conversas são oportunas porque o governo russo estuda a redistribuição das cotas de carne principalmente depois da "mal da vaca-louca" e da "gripe do frango", que não atingem o Brasil.
Em 2002, a Rússia decidiu estabelecer cotas para a importação de carnes de todo o mundo como forma de proteger seu mercado interno. Com isso, o Brasil deixará, por exemplo, de exportar 170 mil toneladas de carne suína neste ano.
Além da questão da OMC, interessa aos russos que o Brasil aumente as cotas para importações de nitrato de amônia e de ferro-cromo.
Moscou também está de olho na venda de caças "Sukhoi" para a força aérea brasileira. O fabricante do avião é um dos participantes da concorrência internacional que irá definir a compra.
Recentemente dois modelos de aviões civis brasileiros das séries 135 e 145, da Embraer, foram certificados com direito à venda no mercado russo, podendo fornecer produtos ao lado da Airbus e da Boeing.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, alerta, no entanto, que a questão dos aviões será definida em bases estritamente técnicas, sem vinculação entre esses temas. "Eles colocaram a posição deles, o que eu acho natural", disse o ministro.
Amorim, porém, garante que a compra dos aviões terá que ser julgada sobre a melhor oferta e a melhor tecnologia dentro do interesse mais amplo do Brasil.
O vice-primeiro ministro da Rússia, Boris Alioshin, chefia uma delegação de 22 empresários. A visita, que começou ontem, tem o objetivo de aumentar o intercâmbio comercial e a cooperação em várias áreas de interesse dos dois países.