Técnicos brasileiros implantam na África programas de inclusão social pelo esporte

18/02/2004 - 16h22

Brasília - Dois técnicos brasileiros, do Ministério do Esporte, discutem, em Angola e Moçambique, na África, a implantação de unidades de produção de material esportivo. A iniciativa faz parte de convênios de cooperação firmados com esses países e tem o objetivo de levar a experiência brasileira com os programas Pintando a Liberdade (que oferece aos presidiários a oportunidade de produção de material esportivo para projetos sociais) e o Segundo Tempo (que oferece aos alunos da rede pública a opção de utilizar um turno para atividades esportivas e extra-curriculares).

Em Moçambique, os técnicos Gerêncio de Bem e Marisa de Castro visitaram o Centro Juvenil de Artesanato (Mozarte), local que poderá receber a oficina. O centro é ligado diretamente ao Ministério da Juventude e Desportos e possui infra-estrutura compatível com o maquinário necessário para a produção de bolas.

Eles estiveram também no distrito de Boane (a 30 Km de Maputo) e no Centro de Treinamento Olímpico, que era utilizado pelo Comitê Olímpico Moçambicano e está, atualmente, quase desativado. As autoridades moçambicanas informaram que existem outros espaços para a prática esportiva no país, mas falta material esportivo. O centro dispõe, além de instalações esportivas (campo de futebol, pista de atletismo e quadra), de salas de aula onde podem ser desenvolvidas atividades do Programa Segundo Tempo, como reforço escolar.

Nas reuniões mantidas com autoridades moçambicanas, ficou decidido que o núcleo do Segundo Tempo será implantado no distrito de Boane. Deverão ser atendidas de 500 a 1.000 crianças O material, tanto esportivo quanto o necessário às outras atividades, deverá ser adquirido do Brasil. O governo local compromete-se com o pagamento de pessoal.

No caso do Programa Pintando a Liberdade, o maquinário e a matéria-prima para a confecção de 7.000 bolas, de cinco modalidades (material necessário para atender 150 mil jovens moçambicanos), deverão ser doados pelo Brasil. Ao governo local, caberá o pagamento do pessoal necessário à costura das bolas e a parte de operacionalização da oficina.

No Brasil, o projeto Pintando a Liberdade utiliza a mão-de-obra direta de 12.700 presos (8,5% da população carcerária), em 53 penitenciárias, para a confecção de bolas, redes, uniformes e bolsas que são distribuídos a vários programas sociais desenvolvidos pelo Ministério do Esporte. Cada fábrica gera 300 empregos diretos. Em 2003, o programa recebeu investimentos de mais de R$ 10 milhões e distribuiu cerca de 460 mil itens esportivos. Foram beneficiadas, no período, quatro milhões de pessoas e mais de 6.900 instituições.

Dados dos fundos penitenciários do estado do Paraná e do Distrito Federal - regiões que já desenvolvem o programa - mostram que o índice de reincidência carcerária é hoje de cerca de 30%, enquanto em outros estados varia entre 60% e 90%. Além disso, o detento tem a pena reduzida em um dia para cada três trabalhados e deixa a penitenciária com qualificação para tentar uma oportunidade de trabalho.

As informações são do Ministério do Esporte.