Brasília - O presidente haitiano, Jean-Bertrand Aristide, declarou-se determinado a cumprir o seu mandato, que termina em fevereiro de 2006, apesar da crise que atravessa o país.
Em entrevista publicada terça-feira no New York Times, Aristide afirmou que os opositores, ao reclamarem a sua demissão, receiam as eleições.
"Eles não têm medo de mim, temem o povo. Eles não temem a violência do povo. Eles temem o povo porque ele está disposto a votar", assegurou Aristide na entrevista, concedida na capital do país, Port-au-Prince.
"Deixarei o meu cargo em 7 de fevereiro de 2006", quando terminar o mandato de cinco anos, reafirmou, insistindo em que "já é tempo de travar a violência e concretizar as propostas da Caricom", a comunidade dos países da região do Caribe, para a realização de eleições.
A oposição organizada pede a renúncia do presidente, temendo que ele manipule as próximas eleições e consiga um terceiro mandato. Com isso promoveu uma série de manifestações públicas em todo o país. Grupos rebeldes armados, entre eles antiga milícia formada para proteger Aristides, aproveitaram-se da situação para promover um golpe de estado. A violência fez mais de 50 mortos no Haiti desde que, no passado dia 5, um desses grupos tomou Gonaives (norte), a quarta maior cidade do país.
Os Estados Unidos não se empolgaram pelo pedido de ajuda internacional do presidente Aristide. O secretário de Estado, Colin Powell disse que a comunidade internacional deveria, num primeiro momento, buscar uma solução interna para os conflitos entre governo e rebeldes.
"Francamente não há nenhum entusiasmo no momento para enviar forças militares ou policiais para diminuir a violência", afirmou Powell.
No entanto, a França admitiu ontem a possiblidade de participar de uma força internacional de paz para ajudar o Haiti a superar a rebelião interna.
O ministro do Exterior francês, Dominique de Villepin, disse que estabeleceu um centro em Paris para monitorar a situação no Haiti e estava tentando encontrar a melhor forma de responder ao pedido de ajuda do governo haitiano.
Villepin afirmou que a experiência da França em intervenções humanitárias em situações em seus territórios na região caribenha, como a Guiana Francesa, tornam tal ajuda possível.
O primeiro-ministro do Haiti, Yvon Neptune, admitiu que o governo não está conseguindo manter o controle sobre o país. "O número de policiais é insuficiente", afirmou Neptune, acrescentando que a comunidade internacional precisa agir para impedir um "golpe de estado".
As informações são das agências internacionais