Rosamélia de Abreu,
repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar do alto valor nutritivo, o consumo de peixe no Brasil é pequeno. Por ano, o brasileiro consome sete quilos, mas segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o ideal é o consumo de 12 quilos. A produção nacional de pescado está hoje em um milhão de toneladas.
Se usar o potencial dos reservatórios das cinco maiores hidrelétricas como Furnas e Três Marias, em Minas Gerais, Itaipu, no Paraná, Sobradinho, na Bahia, e Tucuruí, no Pará, que juntas mantém um espelho d´água de cerca de 1 milhão de hectares, o Brasil pode produzir 15 vezes mais pescado nos 5 milhões de hectares alagados das usinas.
Para aumentar a produção de pescado e melhorar a qualidade da alimentação do brasileiro, além de gerar renda e emprego, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca criou o Projeto de Incentivo à Criação de Peixes em Grandes Barragens. De acordo com o ministro José Fritsch, usando apenas 1% das áreas das barragens, espaço máximo estabelecido pela Portaria Interministerial N° 08 , o País tem condições de, no futuro, ultrapassar os grandes produtores mundiais de pescado como a China, que produz 40 milhões de toneladas de peixe por ano.
José Fritsch informou que o trabalho já está sendo feito em Itaipu Binacional, no Paraná. O projeto começou em dezembro de 2003, quando foi feita a instalação dos primeiros tanques redes e o lançamento dos primeiros alevinos. Segundo o ministro, vários setores da sociedade vão ser beneficiados pelo projeto. Serão contemplados pescadores artesanais, piscicultores, populações ribeirinhas e toda a cadeia produtiva como indústrias de equipamentos, de ração e de embalagens.
Outra preocupação, segundo o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca é incentivar o consumo de peixe no País. "Nós temos toda uma preocupação para aumentar o consumo interno de peixe. A Secretaria está trabalhando junto às prefeituras para introduzir o pescado na merenda escolar, além de colocar o produto nos grandes supermercados, já que no Brasil a tradição é a venda de peixe apenas nas feiras e peixarias", explica Fritsch.
A produção de peixes nos açudes do semi-árido nordestino também está sendo incentivada pela Secretaria, para reduzir o problema da fome na região. Tudo isso, de acordo com o ministro, ampliou em 12 por cento o consumo interno de pescado.
José Fritsch informou ainda que os peixes de água doce e salgado do Brasil também tem mercado internacional. A Secretaria de Aqüicultura e Pesca e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior investirão R$ 3,5 milhões para divulgar o pescado brasileiro no exterior, com o objetivo de aumentar as vendas para o exterior. Em 2003, o País exportou U$ 411 milhões e a expectativa para este ano é de que as vendas atinjam U$ 470 milhões.
O Brasil ocupa hoje a 25° posição, com 1,05 milhão de toneladas/ano, entre os países que mais produzem pescado e a idéia é que o País suba para o 10° lugar. O Governo disponibilizou linhas de crédito para financiar toda atividade pesqueira, que beneficia desde o pescador artesanal até o grande produtor.
José Fritsch destacou ainda a medida provisória que está em tramitação no Congresso Nacional, que institui o Programa Nacional de Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota Pesqueira Nacional. O programa contará em 2004 com recursos de R$ 15 milhões provenientes do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Nordeste e do Norte. O dinheiro será usado na construção e modernização da frota pesqueira. Segundo o ministro, o Brasil tem potencial para produzir 80 milhões toneladas de pescado.