Brasília, 12/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu hoje, no Palácio do Planalto, durante a cerimônia de entrega do Prêmio Nacional de Gestão Pública, que seu governo vai resgatar o nível de qualidade do servidor público brasileiro através de um trabalho de profissionalização, motivação e de melhor remuneração dos quadros. Lula responsabilizou governos anteriores pelos maus salários pagos ao funcionalismo e pelo desmonte da máquina pública, que perdeu centenas de servidores brilhantes e competentes para a iniciativa privada.
"Recuperar este padrão de excelência do Estado brasileiro, com servidores altamente qualificados, não é uma tarefa fácil e nem pode ser feita da noite para o dia. Mas é preciso e começamos a desmontar o aparelho de desmonte que tinha sido implantado nos últimos 13 ou 14 anos em nosso país", afirmou Lula, aplaudido pelas mais de 500 pessoas presentes à solenidade, a maioria funcionários públicos.
Lula voltou a falar de sua mágoa pela derrota sofrida nas eleições presidenciais de 1989, quando perdeu o pleito para o ex-presidente Fernando Collor de Mello, que utilizou frases de efeito na campanha com promessas de que combateria os marajás do serviço público, e por improbidade administrativa foi cassado após dois anos de mandato.
"Eu tenho muito na cabeça, quando se falou pela primeira vez neste país em combater o marajá, na década de 90. Eu lembro o quanto a máquina pública brasileira e os servidores brasileiros foram, por conta de uma frase de efeito de uma campanha eleitoral, massacrados a partir daquele instante", lembrou o presidente.
Segundo Lula, uma máquina pública profissionalizada e remunerada adequadamente, contribui para melhorar a arrecadação, presta serviços de melhor qualidade aos cidadãos, além de atuar como escudo para evitar o desvio de recursos. Para o presidente, servidores bem qualificados ajudam também o país a se tornar competitivo com qualquer outro país de primeiro mundo.
Na avaliação do presidente, o brasileiro, sobretudo o funcionário público, possui um sentimento de inferioridade em relação aos países de primeiro mundo justamente por causa das diferenças no padrão de excelência existentes. "No Brasil, lamentavelmente, durante muitos anos, o preconceito da inferioridade dos países emergentes, como o Brasil, diante dos países do primeiro mundo, faz com que muitas vezes nós olhemos como defeitos e olhemos até os defeitos dos outros como virtudes".
Ao fazer um balanço das mudanças que estão em curso em seu governo, Lula informou que foram abertas, por meio de concursos, 24.908 vagas, principalmente nas áreas mais sensíveis da administração pública, como hospitais universitários, universidade e na educação fundamental. Ele assinalou também que foi regularizada a situação de mais de três mil contratados em projetos internacionais envolvidos em projetos de cooperação internacional e na capacitação de gestores estaduais e municipais que executam programas federais.
"Estamos apenas começando. E podem ficar certos de que grande parte dos discursos que não apenas eu, mas que muitos dos meus ministros fizeram a vida inteira, nós haveremos de, ao terminar o nosso mandato, ter cumprido grande parte daquilo que juntos sonhamos, nas derrotas e nas vitórias", concluiu Lula a respeito de sua disposição de modernizar e profissionalizar a máquina governamental.