Biólogo desfaz equívoco: algas não são vegetais

12/02/2004 - 12h37

Brasília, 12/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O biólogo e professor do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Matos Moura Júnior, desfez um equívoco cometido pela maioria dos livros do Ensino Médio e Fundamental que classificam as algas como vegetais. No minicurso "O incrível mundo das algas", ministrado na 3ª Reunião Regional da SBPC, Moura Júnior explicou que, embora também realizem a fotossíntese, as algas têm estrutura única e compõem um grupo à parte de organismos.

Em escala evolutiva, as algas surgiram primeiro que os vegetais, há cerca de 4,5 milhões de anos. "As primeiras plantas, que não tinham sementes, como as avencas, samambaias e musgos, apareceram na Terra aproximadamente dois milhões de anos depois", relata Moura Junior

O professor lembra que as plantas são constituídas de raízes, caules e folhas, enquanto a estrutura das algas é única e se chama de talo. "O talo é completado pelo apressório, que é a estrutura de fixação das algas", explica o biólogo, que tem mestrado e doutorado em algas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Segundo ele, a principal função ecológica das algas é servir de alimento para os animais que se constituem nos consumidores primários dos mares e estuários, a exemplo de larvas e peixes herbívoros. "Elas estão na base da cadeia alimentar aquática e fornecem carboidratos, proteínas, sais minerais e gorduras para esses herbívoros". São os carboidratos (açúcares) disponibilizados pelas algas que garantem energia da cadeia alimentar, conhecida ainda como teia atrófica.

Além da função ecológica, as algas desempenham um importante papel econômico. São delas que a indústria alimentícia retira o ágar-ágar, usado no cultivo de microorganismos, e a carragenana, empregada em gelatinas e sorvetes. A indústria cosmética também as usa na fabricação de batons, xampus e esmaltes, entre outros produtos. "As carapaças das algas são ainda empregadas em abrasivos e lixas", cita Moura Junior.

A poluição é a principal ameaça às algas. Substâncias pesadas, como o petróleo, podem formar uma película que impede a fotossíntese, resultando na morte das algas. Outras, a exemplo do vinhoto resultante da produção do açúcar e dos fertilizantes químicos que escorrem da plantação, podem causar uma proliferação exagerada das algas. (As informações são da Regional da SBPC/PE)