Brasília, 11/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O pesquisador Flávio de Souza defende tese de doutorado hoje na Universidade de São Paulo (USP) apresentando o novo mineral Coutinhoita. O nome é uma homenagem ao professor emérito do Instituto de Geociências (IG) da USP, José Moacyr Vianna Coutinho, que há mais de 40 anos contribui para a mineralogia brasileira e mundial. No trabalho de Souza, está descrito, com todos os seus detalhes físico-químicos, o novo mineral.

"As regras estabelecidas pela União Internacional de Mineralogia (instituição que ratifica em todo o mundo as novas descobertas) impedem que seja dado o nome de um novo mineral para qualquer pessoa que tenha participado diretamente do trabalho", informa Souza. Mas a escolha já havia sido feita para homenagear Coutinho, cujas contribuições estão presentes no trabalho de qualquer geologista.

A nova rocha, de coloração amarelada, é um silicato de urânio-tório. Quando o mineral chegou às mãos dos pesquisadores era impossível saber que se tratava de uma novidade. "No início, achamos que se tratava de uma weeksita, que é rica em fosfato", diz Souza. O estudo de doutorado recebeu o título de Coutinhoita, um novo silicato de urânio análogo a weeksita. O mineral foi encontrado por um colecionador na mina Urucun, localizada na cidade de Galiléia, em Minas Gerais.

Mesmo existindo milhares de minerais hoje catalogados no mundo, segundo a lista oficial da União Internacional de Mineralogia, o fato pode ser comemorado do ponto de vista científico. "É bastante rara a descoberta de um novo mineral", diz Souza.

A descoberta feita nos laboratórios do IG é apenas um passo, embora muito importante, na espiral das pesquisas científicas. Agora, além da identificação, no campo, de novas ocorrências da Coutinhoita, formas de aplicá-la na prática também devem ser desenvolvidas. "Poderá, quem sabe, ser feito algo no sentido de diminuir a contaminação de depósitos de lixo nuclear", calcula Souza. (Agência Fapesp)