Brasília, 11/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar os empresários que reclamam das altas taxas de juros cobradas no país, durante discurso na Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), na inauguração da Cooperativa de Crédito da Indústria do Distrito Federal (Credindústria), primeira cooperativa mista do país.
Lula cobrou responsabilidade dos empresários que lucram em cima de taxas de juros mais baixas. "Nos vamos reduzir as taxas aos níveis compatíveis com as nossas necessidades. Mas, ao mesmo tempo, é preciso que a gente tome muito cuidado para que nenhum empresário queira ganhar em um único mês todo o seu capital investido, remarcando preços na medida que se apresenta uma simples melhora no comércio do nosso país", afirmou. Antes do discurso de Lula, o presidente da Fibra, Antonio Rocha da Silva, disse que os empresários "cansaram de chorar pelos juros altos".
O presidente Lula disse que durante toda a sua vida nunca foi "do tipo de ficar chorando as coisas que queria que acontecessem. Ao invés de ficar lamentando, tentava fazer as coisas acontecerem".
"Às vezes você pode, às vezes você não pode. A verdade verdadeira é que nós temos no Brasil juros altos. Mas a verdade pura e verdadeira é que hoje temos as taxas de juros Selic mais baixas dos últimos dez anos. A verdade pura e verdadeira é que você nunca baixará a taxa de juros se o governo não tiver força política para colocar seus títulos e impor o preço de juros que ele possa atender as suas necessidades e as necessidades do setor financeiro", afirmou.
Na opinião de Lula, o Brasil não reduziu as taxas de juros nos últimos anos porque o governo esteve fragilizado - e com isso também dolarizou a dívida interna do país e o tornou vulnerável "como jamais esteve em toda a sua história".
O presidente voltou a afirmar que não fez nenhum plano econômico, mas decidiu colocar em prática ações que tragam credibilidade ao país entre os seus interlocutores. "Responsabilidade vale para todo mundo: vale para o governo, para o empresário da indústria, para o empresário do comércio, o pequeno, o médio ou o grande. E a hora que todos nós formos responsáveis, podem ficar certos que a economia vai deslanchar como nunca deslanchou na história desse país", garantiu.
O presidente Lula defendeu, porém, que as pessoas não fiquem com "o pé no acelerador" controlando se a inflação vai subir para utilizar os juros como controladores da inflação. "A palavra chave chama-se seriedade, lealdade e compromisso com esse país, que está na hora de todo mundo assumir".
O presidente fez uma ampla defesa das cooperativas no país. Na avaliação de Lula, se as cooperativas ganharem corpo vão conseguir fazer uma pequena revolução de crédito no país. O presidente disse que quer acabar com a desconfiança para com os tomadores de empréstimo. Segundo Lula, é inadmissível que os honestos tenham que pagar taxas altíssimas por causa dos desonestos. A solução, para o presidente, são as cooperativas como a inaugurada hoje.
O presidente Lula recebeu boné e camiseta com o símbolo da Credindústria e não perdeu a chance de colocar o boné na cabeça, que é uma de suas marcas registradas desde o início do governo.
A Credindústria será uma cooperativa mista, integrada tanto por pessoas físicas como por pequenos industriais, e vai oferecer taxas de empréstimos mais baixas do que as disponíveis nos bancos comerciais.