Brasília, 11/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O governo está realizando um mapeamento dos prejuízos causados pela chuva nas estradas brasileiras e já começou com trabalho de recuperação das estradas federais danificadas pelas enchentes. O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) empenhou R$ 16,1 milhões para socorrer primeiramente as estradas do Nordeste. O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, anunciou na semana passada que serão aplicados R$ 19,7 milhões no socorro às rodovias.
A situação das estradas, que não era boa, piorou com as enchentes. Entre julho e agosto do ano passado, foi realizada uma pesquisa pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em cerca de 57 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais pavimentadas. Foi constatado que quase 60% estão em estado deficiente, ruim ou péssimo. De acordo com a pesquisa, quase 83% das rodovias federais têm algum tipo de comprometimento na geometria viária, na pavimentação ou na sinalização. As regiões que têm rodovias em pior estado são o norte, o nordeste e o centroeste.
Com as chuvas a situação se agravou. Segundo o ministério dos Transportes as malhas rodoviárias de Pernambuco e da Bahia apresentam os piores danos. Em alguns locais o trabalho de recapeamento e tapa-buracos será suficiente para garantir a passagem de veículos. Mas, algumas estradas foram totalmente destruídas, como no Maranhão, onde um bueiro entrou em falência e provocou a destruição de quase um terço da pista na altura do km 529,9 entre as cidades de Riachão e Carolina. No Ceará, o quadro também não é bom. As rodovias federais apresentam 43 erosões, 10 das quais ameaçam interromper o tráfego caso as chuvas não cessem.
Para que o trânsito não seja interrompido nas estradas que não tem condições de tráfego, são construídos desvios nos locais. O mapa das estradas nordestinas foi levantado pelo Ministério dos Transportes. Os dados foram colhidos até o dia 10 de fevereiro. A verba do Dnit foi dividida entre os estados, segundo as necessidades apontadas e a extensão da malha. Alagoas vai receber R$ 1,5 milhão; para Bahia foram destinados R$ 7,5 milhões; para o Maranhão foram R$ 2 milhões, para a Paraíba R$ 1,5 milhão; para Pernambuco R$ 1,54 milhão; para o Piauí foram R$ 2 milhões; para o Rio Grande do Norte foram R$ 1,8 milhão e R$ 1,1 milhão para Segipe.
Situação por estado:
Alagoas – As rodovias não possuem pontos críticos e isolados. Os recursos serão empregados em operações tapa buracos nas BR 101 e 316.
Bahia - Equipes da 5ª Unit (Unidade de Infra-Estrutura Terrestre) estão trabalhando nos pontos críticos. Na BR 110, divisa com Alagoas, na altura do entroncamento com a BA 305 (para Santa Brígida) um aterro no km 6 rompeu provocando a interrupção parcial da pista . Foi construído um desvio no local. No km 14, a ponte sobre o Rio Baboseira ruiu parcialmente e o trânsito foi desviado. Ainda na BR 110, no km 117, na altura do entroncamento com a BA 392 (Antas) com o entroncamento da BA 220 (Cícero Dantas) um aterro também se rompeu e as obras de recuperação já estão programadas dentro de um contrato de conservação existente. No entroncamento da BA 400 e entroncamento da BR 101, também na BR 110, a ponte sobre o Rio Subaúma caiu e foi decretado estado de emergência. Na BR 410, na altura dos entroncamentos com a BR 110 (Ribeira do Pombal) e da BR 116 (Tucano) outro aterro cedeu e foi construído um desvio. De acordo com a Unit, a interrupção é temporária e não há isolamento entre os municípios, pois existem outras alternativas de acesso. Na BR 020, na cidade de Roda Velha, próximo ao entroncamento da BR 242, houve o rompimento do aterro e de parte do bueiro no km 210. Na BR 101, nas imediações do entroncamento da BA 544 (Teolândia) e o entroncamento da BA 250 há uma erosão. Na BR 116, no entroncamento da BA 210 (divisa com Pernambuco) e no entroncamento da BA 306 (para Chorrochó) as cabeceiras das pontes sobre os riachos Curral das Pedras e da Vargem se romperam. Ainda BR 116, nos entroncamentos da BR 410 (Tucano) e BA 408 (Araci) houve o rompimento da cabeceira da ponte sobre o Rio Angico. Um contrato de conservação já existente será acionado para corrigir o problema. Na BR 122 um aterro e parte de um bueiro se romperam no km 708 da rodovia.
Ceará – Há 12 pontos críticos mapeados. As BR 116 e 230 apresentam 43 erosões, 10 das quais ameaçam interromper o tráfego caso as chuvas não cessem. A situação é mais crítica da divisa com a Paraíba (BR 230) e nos municípios de Farias Brito e Lavras da Mangabeira, onde uma passarela ruiu.
Maranhão - A BR 230 é a única rodovia federal maranhense que apresenta uma situação nova com relação às fortes chuvas que castigam o Estado. No local, há um bueiro que entrou em falência e já provocou a destruição de quase um terço da pista na altura do km 529,9 entre as cidades de Riachão e Carolina.
Paraíba - Os km 182 e 59 das BR 104 e BR 110 sofreram danos causados pela erosão de aterros e a destruição de bueiros. Na BR 104 a situação já está sob controle, mas a BR 110 ainda tem restrições ao tráfego. Na BR 230, entre João Pessoa e Campina Grande, o quilômetros 124,5 e 126 (após o município de Riachão) tiveram trechos de suas pistas destruídos e o trânsito está interditado por medida de segurança. No km 130 da BR 230 o assoreamento e a erosão em uma das pistas causaram a interdição do tráfego, que ainda não tem previsão para ser liberado. O km 195 (trecho Soledade/Farinha) ficou interditado por causa de uma erosão num bueiro. Foi feito um desvio no local e o trânsito ainda é precário. O mesmo acontece no km 263,3. O tráfego foi restabelecido nos km 369,5, 400 e 497. A erosão no encontro da ponte do Rio Caiçaras com a cidade de Pombal, divisa com o Rio Grande do Norte (km 18), é o maior problema encontrado na BR-427. Equipes trabalham no local e o tráfego flui com restrições.
Pernambuco - Petrolina ficou isolada e com o pavimento da cidade danificado por cauda do desvio feito na BR 428 que levou o trânsito dos veículos para a cidade. No km 264 da BR 232, em Arco Verde, o mau estado de uma ponte pode provocar o isolamento da cidade.
Piauí - As rodovias federais do Estado não apresentam interrupção. Existem pontos com tráfego em meia pista.
Rio Grande do Norte - As rodovias federais do Estado não sofreram grandes danos e o tráfego segue tranqüilo nas BR 101 e 304.
Sergipe - As rodovias federais do Estado (BR 101 e 235) apresentam vários pontos com erosões e quedas de barreiras mas não há registro de interrupções no tráfego.