Diretor da Nestlé diz que não haverá demissões na Garoto enquanto situação não for resolvida

11/02/2004 - 15h09

Brasília, 11/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O diretor de assuntos corporativos da Nestlé, Carlos Faccina, assegurou que não haverá demissões na fábrica da Garoto até que a situação da empresa seja resolvida. Hoje, a Garoto gera mais de 3 mil empregos diretos e 12 mil indiretos. A decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de reprovar a compra da Garoto pela Nestlé, efetuada há dois anos, foi discutida hoje na Comissão de Assuntos Econômicos, do Senado.

O relator do processo sobre a compra, conselheiro Thompson Andrade, tentou convencer os senadores sobre o acerto do seu voto, justificando que a operação provocaria concentração no mercado de chocolate. Segundo o conselheiro, essa união prejudicaria tanto os consumidores quanto os funcionários da empresa e a concorrência.

Único a votar a favor da compra, o presidente do Cade, João Grandino Rodas, defendeu que a decisão fere o princípio constitucional da livre concorrência. Grandino evitou polemizar sobre a decisão do conselho e se negou a responder à pergunta sobre se o resultado teria sido um retrocesso na atuação econômica do país.

Os senadores fizeram um apelo para que o Cade reveja a decisão, o que só deve acontecer após a Nestlé entrar com recurso, nos próximos dias. Os senadores pelo Espírito Santo, onde fica a maior fábrica da Garoto, Gerson Camata (PMDB) e Magno Malta (PL), chegaram a insinuar que o voto dos conselheiros poderia ter sofrido pressões do Poder Executivo. Os dois questionaram Thompson Andrade se ele ou outros conselheiros teriam participado de reuniões com integrantes do governo ou de empresas interessadas em impedir a compra. Também perguntaram sobre o recebimento de assessoria de pessoas de fora do órgão, o que o conselheiro explicou que é permitido e comum.

O senador Magno Malta afirmou que já está reunindo assinaturas de parlamentares para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, caso a situação não seja resolvida. Ele informou ainda que está elaborando um decreto para derrubar a decisão do Cade e para que, sempre que o conselho analisar algum caso que tenha impacto na economia brasileira, a decisão tenha que ser ratificada pelo Senado.