Porto Alegre, 9/2/04 - O assassino confesso de oito crianças no Rio Grande do Sul, prestou hoje seu primeiro depoimento à Justiça. O paranaense Adriano da Silva foi interrogado na Vara Criminal do Fórum de Charqueadas, região metropolitana de Porto Alegre, sobre a morte do menino Daniel Lourenço Bernardi, de 13 anos, ocorrida em janeiro de 2003, em Sananduva, região norte do estado. Durante 45 minutos Silva esclareceu as circunstâncias e os motivos do crime, confirmando que matou o garoto e abusado sexualmente da vítima enquanto ela ainda estava desfalecida.
Segundo o defensor público Artur Costa, o julgamento da morte de Daniel deve ocorrer até novembro. A pena poderá chegar a 40 anos de reclusão em regime fechado. Uma fonte da Justiça disse que nos próximos depoimentos, Adriano irá confirmar a autoria das mortes de outras quatro crianças na região norte gaúcha, que teria negado durante as reconstituições dos crimes. Silva disse na ocasião que negou as mortes por ter sido pressionado.
O depoimento será encaminhado ao fórum de Sananduva, onde o juiz da comarca, José Luiz Leal Vieira, decidiu prender Adriano preventivamente pelo caso Daniel. O magistrado aceitou a denúncia apresentada pela promotora de Sananduva, Cristiane Cardoso, por atentado violento ao pudor e homicídio triplamente qualificado. Entre as características qualificadoras do crime estão motivo torpe, meio cruel (asfixia) e dissimulação, já que o assassino disse a Daniel que iria levá-lo a uma festa onde comprariam todos os picolés que ele vendia.
Após o depoimento, o criminoso voltou para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) onde permanecerá em isolamento. A Polícia Militar e a Superintendência dos Serviços Penitenciários do estado tomaram medidas preventivas para garantir a ordem. O transporte entre a penitenciária, onde ele cumpre prisão preventiva, e o fórum teve forte aparato policial.
No último final de semana, em Passo Fundo, ocorreu o sepultamento da ossada de Leonardo Dorneles dos Santos, de 8 anos. Ele foi a última vítima naquela cidade. A família recebeu os restos mortais do Instituto Geral de Perícia no sábado e fez o velório na casa dos avós, onde o menino residia. O menor sumiu em 31 de outubro, após ser visto saindo de um fliperama com Adriano, que foi detido no dia seguinte pelo avô da vítima, Gideon Dorneles, que o levou à 1ª Delegacia de Polícia, onde foi ouvido e liberado.
A ossada de Leonardo foi localizada em 17 de dezembro, a cerca de dois quilômetros da casa do garoto. "Vamos aguardar que o governo tome alguma atitude e afaste quem soltou esse assassino", desabafou o avô. A mãe, Cláudia Dorneles, pediu justiça debruçada ao caixão. "Parece mentira o que fizeram com o meu filho", lamentou.