Novo presidente da OAB defende o controle externo do Poder Judiciário

05/02/2004 - 10h00

Brasília, 5/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O novo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, defendeu hoje a criação de um órgão de controle externo do Poder Judiciário, com a função de fiscalizar os atos de gestão. "Não há que se falar em magistratura sem ética. E o controle externo visa exatamente a um cuidado neste sentido", destacou Busato, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM.

O presidente da OAB afirmou que os mecanismos de controle interno do Judiciário estão perdendo a eficácia. "Com essa perda de eficácia acaba a sociedade inteira ficando intranqüila, insatisfeita. Hoje vemos que não só os operadores do Direito, os advogados, mas a sociedade brasileira e setores mais de vanguarda da magistratura nacional já estão a favor desse controle externo do modo como ele está colocado no projeto que tramita no Congresso Nacional", avaliou.

Busato criticou a possível adoção da chamada súmula vinculante, que, no seu entendimento "engessaria a cabeça dos juízes", sem trazer avanços para o Judiciário. Ele explicou que a súmula limita o conhecimento das decisões judiciais, a revisão das decisões judiciais de primeira e segunda Instâncias junto às cortes superiores.

Para o presidente da OAB, o acúmulo de processos na Justiça brasileira poderia ser reduzido com a aprovação de leis que limitassem a "reiterada prática da litigância de má fé por parte do poder público".

Roberto Busato criticou o fato de 80% das ações serem oriundas do poder público. "Não é tentando limitar o particular, que detém somente 20% do movimento das ações, que nós vamos conseguir aliviar a pauta dos tribunais superiores", alertou.

O assassinato de três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, ocorrido na semana passada, em Unaí (MG), foi classificado pelo presidente da OAB como execução bárbara. "Quando vemos uma execução ocorrida a 100 km aproximadamente da capital federal, vemos que muito temos a crescer e que também temos de incentivar a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB a ter uma atuação realmente gigante para que possamos dar uma resposta de basta dessa situação em todo o país", protestou Busato.