Genebra - Milhões de pessoas fogem da violência armada na Colômbia na pior crise humanitária fora da África, disse nessa quarta-feira o diretor assistente do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados(Acnur), Kamel Morjane.
Só no ano passado, o governo colombiano registrou mais de 172 mil deslocamentos internos. São pessoas que deixam suas casas, vilas e até mesmo cidades em busca de local mais seguro para viver. Estatísticas não oficiais indicam, no entanto, que desde 1985, três milhões de pessoas foram deslocadas dentro do país.
Kamel Morjane disse que a crise é um problema regional e internacional, pois saiu das fronteiras colombianas, se propagou aos países vizinhos e está causando um crescente fluxo de refugiados para os Estados Unidos e Europa.
"Essa é a pior crise humanitária do Hemisfério Ocidental e a terceira do mundo, depois da República Democrática de Congo e do Sudão", disse o representante da ONU em entrevista coletiva, depois de uma visita à Colômbia e ao vizinho Equador.
A crise cresce ao longo dos anos, na medida em que sucessivos governos colombianos, apoiados por grupos paramilitares de direita, enfrentam a guerrilha, em um conflito global que se complica ainda mais por causa da interferência do narcotráfico.
Funcionários da ONU garantem que a violência tem aumentado nos últimos quatro anos.
Crise "quase invisível"
Morjane disse que o Acnur está buscando maneiras de chamar a atenção mundial sobre os colombianos deslocados em seu próprio país e para os quase 300 mil que fugiram para o exterior.
"O problema com a crise é que ela é quase invisível. Nem mesmo os moradores de Bogotá(capital do país) se dão conta do que está acontecendo", afirmou Morjane.
A maioria dos que foram deslocados para fora do país vive em lugares isolados, no meio da selva, em zonas fronteiriças sem acesso a serviços públicos e onde um bom número de soldados norte-americanos realiza uma controvertida luta contra grupos de narcotraficantes.
Segundo o representante da ONU, o Acnur e outras organizações humanitárias só têm conseguido ajudar uma pequena porcentagem dos deslocados. Morjane lembrou que ao visitar um campo de refugiados próximo à fronteira com o Panamá se sentiu como se estivesse em uma zona esquecida e pobre da África. "As condições extremas em que vivem esses deslocados dão calafrios", disse
Al visitar campos de desplazados cerca de la frontera con Panamá, Morjane dijo que sintió "como si estuviera en la zona más olvidada y empobrecida de Africa. Las extremas condiciones en que viven esos desplazados son escalofriantes".
Morjane informou ainda que os deslocados são, em grande maioria, afro-colombianos ou indígenas que se viram obrigados a deixar suas casas por causa da crescente onda de violência.
Cerca de 250 mil colombianos fugiram para o Equador e hoje exercem forte pressão sobre a frágil economia do país vizinho. Atualmente, o governo equatoriano analisa requerimentos da condição de refugiados para mais 11 mil colombianos.
Outros 15 mil refugiados form para a Venezuela, país imerso em uma crise política , na qual grupos de oposição forçam a renúncia do presidente Hugo Chávez.
O Panamá abriga mais 2 mil cidadãos colombianos vítimas da crise interna do país.
As informações são da CNN e do Acnur