Rio, 5/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), José Armando de Figueiredo Campos, considerou "inverídicas e equivocadas" as avaliações sobre o mercado e os preços dos produtos siderúrgicos feitos, através da imprensa, por dez entidades empresariais lideradas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em resposta a documento enviado pelas entidades aos ministros da Fazenda, Antônio Palocci, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, no qual reclamavam do aumento médio de 12% no preço do aço, Campos explicou que, em razão da pressão da alta dos preços dos insumos, algumas usinas comunicaram a seus clientes, em novembro passado, a necessidade de reajustarem seus preços. O reajuste, que oscila entre 12% a 15%, entrou em vigor em janeiro passado e se destina a cobrir parcialmente as elevações nos custos dos insumos verificados ao longo de 2003, disse.
Ele informou que o anúncio antecipado teve como objetivo permitir um período de negociação e um melhor planejamento da produção. No ano passado, os produtos siderúrgicos tiveram um único aumento, variando os percentuais, de acordo com cada empresa, de 9% a 13%, com vigência a partir de janeiro de 2003.
O Presidente do IBS afirmou que a siderurgia brasileira não aceita ser colocada na condição de responsável pela ameaça à meta inflacionária, conforme foi sugerido pelos fabricantes aos ministros. Do mesmo modo, o setor não quer servir de pretexto para a implementação de reajustes de preços da indústria automobilística. De acordo com ele, ao contrário do que foi divulgado pela Anfavea, o peso do aço é de apenas 6% na formação de preços dos veículos, embora sua participação no produto final seja de 50% a 55%.
Na avaliação do Instituto Brasileiro de Siderurgia, o que a indústria automobilística quer "é continuar a se abastecer de aço barato", enquanto responde diretamente pela elevação de preços de uma das principais matérias-primas do setor siderúrgico, a sucata gerada no processo industrial, cujo preço foi reajustado em cerca de 300% desde o início de 2002.
A entidade descarta a possibilidade de uma intervenção no setor siderúrgico pelo governo, tal como foi pleiteado pelos fabricantes, esclarecendo que isso só é justificável em situações de desequilíbrio. Isso não ocorre no caso do aço, onde os investimentos projetados pelas empresas para ampliação da capacidade instalada das usinas alcança, até 2008, em torno de U$ 9,6 bilhões, conforme Figueiredo Campos.