Brasília, 4/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - Levantamento confrontando a arborização e a rede de distribuição de energia elétrica nas vias públicas em duas regiões da cidade de Taubaté (SP) constatou que o plantio de árvores e a instalação da rede elétrica são realizados de forma independente. O resultado é que ambos acabam disputando o mesmo espaço físico, provocando a maioria das interrupções de energia elétrica nas redes de distribuição.
O estudo foi realizado por Eder Salim Minhoto, engenheiro eletricista e professor da Universidade de Taubaté (Unitau). O trabalho concentrou-se na avaliação e análise da arborização viária da região central da cidade e no bairro do Jardim das Nações. "Hoje, há um crescente interesse em preservar o meio ambiente. Por outro lado, as concessionárias de energia elétrica estão cada vez mais preocupadas em melhorar o padrão de qualidade oferecido aos clientes. Assim, a adoção de um adequado planejamento na arborização viária pode ser uma prática bastante interessante", explica Minhoto.
O levantamento concebeu-se a partir da caracterização das espécies vegetais existentes em ambas áreas estudadas. Nos mais de 12 quilômetros de calçadas e canteiros analisados, foram encontrados 415 exemplares de 50 espécies de árvores. "Encontramos 21 espécies que só tinham um exemplar. Isso aponta que boa parte dos plantios de árvores tem sido feita pela própria população", revela.
Constatou-se ainda outras situações curiosas. Existe uma grande ocorrência da árvore sibipiruna - a espécie mais encontrada, com 35% do total de árvores plantadas - na região central da cidade. Isso se deve a um programa do governo estadual adotado na década de 60 com o objetivo de amenizar as altas temperaturas no interior paulista. Assim, incentivou-se a arborização com a árvore, uma espécie de grande porte, rápido crescimento e fácil adaptação. "Essa alta incidência dela não é só em Taubaté, mas em várias cidades pelo estado", diz Minhoto.
A análise feita a partir dos dados levantados pelo estudo agrega informações importantes para se definir técnicas mais adequadas para manutenção e manejo das árvores. Entre elas, a de que na região central, a escolha da espécie arbórea deve se limitar a de pequeno porte porque as ruas e calçadas são muito estreitas; e que as podas devem ser realizadas por equipes mais treinadas, já que se constatou que muitas árvores apresentavam cortes de galhos e ramos inadequados.
Entre as principais vantagens da arborização de ruas estão a redução dos níveis de poluição e a melhoria do ciclo hidrológico da localidade. Minhoto se surpreendeu com o número de pessoas interessadas em saber as espécies vegetais apropriadas para o plantio e a questão da poda. "Deveria ser elaborado um manual de arborização a ser entregue à população. Isso evitaria que se plantasse uma árvore que causasse transtornos futuros ao invés de benefícios", propõe. (Ascom Unitau)