Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília, - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não aprovou hoje a compra da Garoto pela Nestlé. A decisão não foi unânime. O único voto contrário ao parecer apresentado pelo relator, conselheiro Thompson Andrade, que recomendou que a operação fosse desfeita, foi dado pelo presidente do órgão, João Grandino Rodas.
Ao justificar o voto, Grandino disse que era a favor da fusão com restrições, como aconteceu com a união da Brahma com a Antarctica - que deu origem a Ambev. De acordo com ele, isso poderia ser feito com a venda de marcas ou parte dos ativos. "Não entendo que a Garoto fosse um todo homogêneo e monolítico. Ao meu ver, seria uma intervenção na economia que poderia ser feita de forma menor", explicou.
O presidente afirmou ainda que não ficou convencido que a fusão trouxesse riscos à eliminação da concorrência ou prejuízos ao consumidor.
A Nestlé não pode recorrer da decisão no Cade, mas, segundo o presidente, "em tese" é possível a empresa apresentar recurso na Justiça comum. No entanto, Grandino alertou que o caso será difícil de recorrer. "É preciso muita cautela, porque em casos de concentração seria muito difícil. Será que uma empresa terá a possibilidade de ir ao Judiciário, na prática, para conseguir alguma decisão em que fique suspensa por anos até ser transitado e julgado no Tribunal Superior? Isso na prática acaba inviabilizando recurso no Judiciário", explicou.
Grandino acredita ainda que haverá outros compradores para a Garoto. Ele destacou que não conhece outros casos em que o Conselho decidiu pela rejeição total de uma operação, que envolvesse empresas dessa grandeza.