Brasília, 30/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Armand Pereira, enviou hoje (30) ao ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini, uma carta de pesar pelo assassinato de três fiscais do trabalho e o motorista, na última quarta-feira (28), em Unaí, no noroeste mineiro. Na carta, Armand Pereira diz que a luta do Brasil pela extinção do trabalho escravo mostra o respeito que o país nutre pelo trabalhador, buscando eliminar práticas que denigrem sua imagem e auto-estima. Acrescenta que a organização vê com apreensão as ameaças e mortes de funcionários no cumprimento de suas funções.
A seguir, a íntegra da carta:
"Em nome do Diretor Geral da Organização Internacional do Trabalho, Juan Somavia, e do Diretor Regional, Agustín Muñoz, e de toda a equipe da OIT no Brasil e no mundo, expressamos
nossa profunda tristeza com os assassinatos, ocorridos em 28 de janeiro em Unaí, de três auditores fiscais e do motorista - Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Ailton Pereira de Oliveira. Através de Vossa Excelência, apresentamos nossas sinceras condolências às suas respectivas famílias.
As ações já empreendidas pelo Governo Federal e as mensagens emitidas pelo Exmo. Sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo Presidente em Exercício, José Alencar,
pelo Ministro Nilmário Miranda e por Vossa Excelência, não deixam dúvida que esforços não serão medidos para aplicar a lei aos assassinos.
Quaisquer que sejam as causas que venham a ser efetivamente apuradas pela Polícia e pela Justiça Federal, a sociedade brasileira não pode ser omissa a um crime de funcionários
públicos no exercício de suas funções a serviço do governo eleito pela nação brasileira. Assim, apresentamos também a todos os brasileiros, nosso profundo pesar e, ao mesmo tempo,
nossa certeza de que, através de esforços conjuntos, se conseguirá um dia acabar de vez com crimes associados a práticas intoleráveis de trabalho que têm a impunidade como sua primeira causa.
Ao erguer a bandeira da OIT pela promoção de trabalho decente, pela erradicação do trabalho escravo e de outras formas intoleráveis de trabalho no Brasil, o Governo do Brasil demonstrou o respeito que nutre pelo trabalhador brasileiro, buscando eliminar práticas que denigrem sua
imagem e auto-estima.
A OIT vê com apreensão que a erradicação do trabalho escravo no Brasil vem sendo marcada com ameaças e com vidas de funcionários do Governo no cumprimento de suas funções. Porém, os avanços já conseguidos no Brasil, num curto espaço de tempo, comprovam que os esforços feitos não têm sido em vão".