Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente em exercício, José Alencar, rebateu hoje a acusação de favorecimento na contratação de um médico residente no Instituto de Traumato-Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, em outubro do ano passado. A denúncia veio a público esta semana, depois que o presidente do Into, Sérgio Cortês da Silveira, disse não ter acatado o pedido da Vice-Presidência da República para aprovar o futuro residente.
Durante reunião esta tarde com o diretor do Instituto, vários parlamentares e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, no Palácio do Planalto, Alencar pediu a presença da imprensa para esclarecer a acusação de que a carta encaminhada ao Instituto pela chefia de gabinete da Vice-Presidência da República tinha como objetivo pressionar o Into para garantir a aprovação do candidato. "Todo homem público tem no seu gabinete uma Secretaria para receber correspondências de todos que lhe dirigem. O encaminhamento desses pedidos não significa pressão. É rotina", explicou Alencar.
O presidente em exercício afirmou que não tinha conhecimento que o pedido se referia a um concurso público, e garantiu que faz parte dos deveres dos homens públicos atender solicitações de pessoas que passam por dificuldades - especialmente neste caso, já que Alencar disse ser amigo pessoal do avô do aluno desde 1958. "Ou esses encaminhamento são feitos, ou o homem público vai ter que desconsiderar qualquer tipo de pedido que lhe seja feito", disse.
José Alencar admitiu ser "muito comum" receber pedidos em seu gabinete de pessoas pedindo a intervenção do governo para solucionar os seus problemas. Mas foi taxativo ao afirmar que mesmo quando os pedidos são encaminhados pela Vice-Presidência, isso não representa qualquer tipo de pressão.
O presidente do Into fez coro às palavras de Alencar. Segundo Sérgio Côrtes, depois que o candidato foi reprovado no concurso da residência, em nenhum momento a Vice-Presidência se manifestou solicitando a aprovação do estudante. "Em absoluto houve qualquer tipo de pressão para que esse candidato seja aprovado. Em nenhum momento vi isso como pressão", garantiu.
O Ministério Público já está investigando o caso, e o presidente em exercício defendeu a apuração rigorosa da denúncia. "É muito bom que isto esteja sendo investigado pelo Ministério Público, e eu espero que essa investigação seja rigorosa", enfatizou.
Alencar aproveitou para comentar outra acusação de favorecimento - desta vez por ter intercedido em favor de uma paciente candidata a transplante de medula óssea no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no final do ano passado. Segundo o presidente em exercício, o Ministério da Saúde encaminhou o pedido da Vice-Presidência para analisar a viabilidade de transplante para a paciente - mas isso não significou pressão para garantir o transplante. "Não é uma fila furada. O critério passa a ser o grau de periculosidade da doença ou o risco de vida", garantiu Alencar.