Perturbações neurológicas têm relação com defeito genético

28/01/2004 - 16h39

Brasília, 28/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - Pesquisadores americanos, da Universidade da Califórnia, relacionaram, em estudo publicado hoje no jornal da American Medical Association, perturbações neurológicas em homens de mais de 50 anos com um defeito genético responsável por uma deficiência mental que ocorre na infância. A capacidade motora e cognitiva deterioram-se com a idade, aparecerem tremores, problemas de equilíbrio e de perda de memória. O diagnóstico, afirmam os estudiosos, é simples e pode ser feito por análise de sangue, mas até agora associava-se o quadro aos sintomas do Mal de Alzheimer ou simplesmente dizia-se que era fruto da senilidade.

A descoberta veio por acaso. Os pesquisadores procuravam a relação entre crianças portadoras da síndrome X-frágil, principal causa do atraso mental hereditário, e o estado neurológico dos pais. A partir das recordações de infância das mães, de que seus pais eram vítimas de quedas freqüentes, de perda de memória e de problemas neurológicos, os autores do estudo passaram a examinar mais de perto essa aparente coincidência. Randi Hagerman e o marido Paul Hagerman estudaram o caso de 192 pessoas de 89 famílias, as quais pelo menos uma tinha um membro portador da síndrome X-frágil.

Eles chegaram à conclusão de que 30% dos homens portadores de uma mutação genética no gene causador da síndrome desenvolvem as perturbações. A estimativa é de que uma entre 3 mil pessoas esteja sujeita a apresentar problemas relacionados à síndrome. Tarefas do dia-a-dia, fáceis de realizar, tornam-se difíceis para essas pessoas e são apontadas como sinais precoces do aparecimento da doença. Elas começam a ter dificuldade de escrever, usar talheres, verter líquidos em copos ou mesmo de caminhar.

Agora, com a identificação das perturbações e de sua origem, os médicos terão mais instrumentos para diagnosticar o mal e poderão aperfeiçoar e adaptar o tratamento dos portadores da doença.