São Paulo, 28/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O faturamento real do comércio varejista na região metropolitana de São Paulo aumentou 30,75% em dezembro último sobre o mês anterior, segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Mesmo assim, o resultado foi insuficiente para superar o desempenho obtido em 2002, fechando com índice negativo de 3,64%. De janeiro a dezembro de 2003, o faturamento caiu 3,86% na comparação com os doze meses de 2002. Os dados relativos à Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) mostram que a exceção foi o setor automotivo, que registrou alta de 6,01%.
De acordo com as análises dos economistas da Fecomércio, a queda na média nos cinco grupos pesquisados, em dezembro, está refletindo, basicamente, os recuos de 14,82% registrado nas vendas de material de construção e de 11,71% no setor de supermercados, que são dois grupos com forte peso nos cálculos do PCCV. Não fossem esses fatores, seria apontado crescimento entre 2% a 3% no movimento constatado junto aos lojistas durante as vendas de Natal. Para este ano, a Fecomércio estima a recuperação das perdas com a elevação em torno de 3%. O impulso nos negócios e, conseqüentemente, no rendimento dos estabelecimentos comerciais, "depende diretamente da ampliação do poder de compra do consumidor", avalia o presidente da Fecomércio, Abram Szajman. Ele advertiu que "mesmo que o aumento na oferta de crédito possa dar um empurrão inicial ao comércio, se a renda real não se recuperar, fica difícil haver crescimento no setor".
Por setor, os duráveis - representados por equipamentos eletroeletrônicos, produtos de linha branca (fogões e geladeiras), entre outras utilidades domésticas e móveis -, tiveram desempenho negativo, com queda no faturamento de 6,65%. Apenas em dezembro conseguiu reverter a trajetória de baixa que já vinha se acumulando desde o primeiro trimestre, subindo 1,12%, índice, no entanto, insuficiente para compensar a redução ao longo do ano. Segundo a análise técnica da Fecomércio, as vendas neste segmento foram afetadas pelo alto custo do dinheiro, com os juros elevados, e escassez na oferta de crédito.
Já os lojistas que comercializam os semiduráveis – vestuário, calçados e tecidos - amargaram o pior desempenho com diminuição de 8,88% na comparação com o faturamento de 2002. Também foi outro que, em dezembro, conseguiu um avanço de 18%. No grupo dos semi-duráveis – alimentos, remédios e produtos de higiene e limpeza - houve queda de 2,38% no ano e de 10,93%, em dezembro. Em sua exposição de motivos, a Fecomércio salienta que a elevação da confiança do consumidor associada ao barateamento do crédito estimulou os gastos em outros segmentos.
Quem não teve o que reclamar foi o comércio de automotivos, único a contabilizar saldo positivo. Com as reduções nas taxas de financiamento para a compra de automóveis e diminuição na alíquota do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), houve aquecimento da demanda e o setor pode comemorar um aumento de 6,01% no faturamento, depois "de ter enfrentado um começo de ano difícil", pontua a assessoria econômica da entidade. Só em dezembro, houve um salto de 33,01%.
Em situação oposta, o setor de material de construção conseguiu ter bom desempenho no primeiro semestre. Mas tudo mudou no segundo semestre. Em dezembro, o faturamento caiu 14,82% e, no ano, 2,49%.