Brasília, 28/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O carbono estrutural, conhecido em inglês como black carbon, é um elemento importante para entender o estado ambiental do planeta. Como o aquecimento global e o efeito estufa estão relacionados com o ciclo global de carbono, conhecer todos os elos desse processo tem se tornado um grande desafio científico.
Os cientistas já sabem que a maior parte do carbono estrutural originado nas queimadas ou em atividades industriais que utilizam o petróleo como fonte de energia se acumula primeiro no solo. Depois, essas estruturas químicas são levadas para os sedimentos aquáticos e uma grande quantidade fica no fundo do mar.
O que não se sabia é que as estimativas das quantidades de black carbon depositadas no assoalho marinho poderiam estar superestimadas. Cálculos de uma equipe da Universidade de Washington, publicados à semana passada pela revista Nature, revelaram números absolutamente diferentes dos que os cientistas dispunham até então.
Pelas novas contas, mais de 50% do carbono presente nos fundos dos mares não saiu de queimadas produzidas pelo homem. Segundo o estudo, tal quantia seria derivada de um tipo de carbono fóssil que chegou aos mares originários de rochas.
A equipe de cinco pesquisadores, liderada por Angela Dickens, da Escola de Oceanografia da Universidade de Washington, conseguiu, como grande trunfo, desenvolver uma outra abordagem química para o problema. Até hoje, ninguém havia conseguido montar um tipo de análise que separasse os dois tipos de carbonos.
A opinião é de Michael Schmidt, professor do Departamento de Geografia da Universidade de Zurich, que comentou a pesquisa para a Nature. "O trabalho nos faz pensar em novos caminhos", disse. Para Schmidt, toda generalização é perigosa. Como o estudo analisou apenas amostras do Pacífico Norte, na sua opinião mais dados, de outras partes do mundo, precisam ser gerados para que a suspeita seja confirmada. (Agência Fapesp)