Brasília - A decisão da Justiça brasileira de identificar por impressões digitais e fotografias os cidadãos americanos que chegam ao Brasil ainda repercute no exterior. Em artigo intitulado "Diferente do Brasil, México atrai americanos", publicado na edição do Miami Herald desse domingo, o jornalista Andres Oppenheimer, classifica o procedimento de "gesto infantil" e de "monumento à estupidez econômica".
O articulista comenta que ao perguntar a um diplomata mexicano se o país dele adotaria o mesmo procedimento do Brasil teria recebido a informação de que, ao contrário, o México estará lançando, em breve, no mercado americano, uma campanha publicitária de US$ 40 milhões - US$ 10 milhões a mais que 2003 - para atrair turistas "que não estão indo para o Brasil.
Oppenheimer cita que, numa entrevistra a ele, o ministro mexicano do Turismo, Eliozondo, negou que campanha tenha por objetivo capturar parte do mercado brasileiro de turismo. "Ela está baseada na certeza de que este ano será importante para o setor de turismo mexicano, por causa da recuperação da economia dos Estados Unidos e também porque há pesquisas que indicam que, por questões de segurança, os americanos estão procurando lugares mais seguros e mais próximos de casa".
Ainda comparando as atitudes de México e Brasil em relação ao turismo, ele diz que a reação do Brasil às medidas antiterroristas dos EUA - entre elas a de colher impressões digitais e fotografias de cidadãos de outros países, que motivou a decisão do juiz brasileiro - ilustra a "incrível negligência" do Brasil com o turismo, um setor que poderia ser uma das mais lucrativas fontes de renda do país.
O artigo dedica um parágrafo ao "povo maravilhoso" e às belezas naturais do Brasil, " que abriga 2.045 das praias mais bonitas do globo". Para em seguida lembrar "a patética performance" do país que recebe apenas 3,8 milhões de turistas por ano, em comparação aos 70 milhões de visitantes estrangeiros que chegam por ano à Espanha(50 milhões) e ao México(20 milhões). Lembra ainda que o Brasil ocupa a 34ª posição no ranking mundial de destinação de turistas, perdendo, inclsuive, para a República Tcheca, África do Sul e Arábia Saudita.
Oppenheimer - que escreve sobre o que acontece nas américas - opina que ao invés de "medidas populistas" como a de identificar turistas em aeroportos, o Brasil deveria estar lutando contra as decisões antiterroristas dos Estados Unidos pelos canais diplomáticos e concentrar energia na promoção das belezas do país no exterior e na luta contra o crime para atrair mais visitantes.
Em relação à decisão mexicana de atrair mais turistas este ano, o articulista conclui, em sucessivos comentários irônicos, que não importa se ela foi tomada antes ou depois do "chilique" do Brasil. "Não se pode culpar o México por tentar tirar o melhor proveito da situação", diz . Assegura ainda que no lugar do governo mexicano, também instruiria o ministro do Turismo para negar veementemente que a decisão tenha sido baseada na reação do Brasil. A frase final do artigo é:"longa vida ao nacionalismo brasileiro!."