Lula diz a indianos que sua meta é promover crescimento com distribuição de renda

27/01/2004 - 10h40

Irene Lobo e Márcia Detoni (enviada especial)

Brasília/Nova Délhi - No terceiro dia da viagem oficial à Índia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula disse não acreditar em crescimento sem distribuição de riquezas. Falou que o crescimento econômico no Brasil precisa ser acompanhado de medidas que façam uma transferência de recursos. Segundo ele, entre 1930 e 1980, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo, embora isso não tenha significado diminuição da pobreza. Lula participou de dois eventos importantes em hotéis de Nova Délhi, onde falou sobre desenvolvimento econômico, distribuição de renda e discursou para empresários indianos e brasileiros.

No primeiro encontro, o presidente abriu, às 10h (horário local), o seminário "Brasil-Índia – Desenvolvimento Sustentável: Perspectivas e Possibilidades". O presidente explicou aos participantes como funciona o programa Bolsa Família, voltado a 3,6 milhões de famílias. Lula informou que até o ano de 2006 pretende atingir com o programa um total de 11 milhões de famílias. "Com isso, o Brasil terá então promovido o maior plano político de distribuição de renda do mundo", disse.

Estabilidade econômica

Em outro evento com empresários indianos e brasileiros, Lula afirmou que o governo não está promovendo a estabilidade com fórmulas econômicas "mágicas", como, segundo ele, teria acontecido em governos passados. Lula lembrou que o índice de risco do país, que era de 2000 antes dele assumir a presidência, baixou para 400. Também a projeção de inflação antes de sua eleição, estabelecida em 40% ao ano, agora será, de acordo com as previsões do governo, de 6%. "As bases da economia são sólidas. O empresários podem investir no Brasil porque somos um país confiável, onde vocês não terão surpresas e terão retorno", falou Lula à platéia de indianos.

Aos brasileiros, o discurso foi direto: "Não vamos conseguir vender porque somos pobres e o mundo rico acha que as nossas crianças estão nas ruas. Só vamos conseguir vender se investirmos em tecnologia e ciência. Parem de chorar e reclamar e aprendam a vender para o mundo globalizado".

Logo em seguida, Lula inaugurou uma exposição de arte popular brasileira no "Crafts Museum", em Nova Délhi.