São Luís, 27/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O diretor da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, disse hoje em São Luís, no Maranhão, que a instituição está redirecionando seus investimentos para as regiões Norte e Nordeste do país. Ele explicou que, ao assumir a fundação, em fevereiro do ano passado, observou que havia uma pulverização dos recursos em pequenos projetos, com maior concentração no Sul e Sudeste."E uma concentração maior ainda em uma pequena cidade de Minas Gerais, Uberaba, que recebeu 30% dos investimentos globais da instituição ao longo de 2002", acrescentou.
Zulu Araujo participa, até amanhã (28), na capital maranhense, do seminário "O Negro no Mercado de Trabalho". É uma parceria entre a Fundação Cultural Palmares (FCP), vinculada ao Ministério da Cultura, e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do Ministério do Trabalho. O objetivo é formar e educar lideranças do movimento negro, capazes de intervir na formulação de políticas públicas nos estados e municípios. O encontro está sendo feito em mais quatro capitais nordestinas - Salvador, Aracaju, Recife e Maceió.
Segundo o diretor da Fundação Palmares, 42% da população negra se concentram na região. Além disso, os índices e dados estatísticos, tanto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quanto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que a exclusão do negro se dá de forma mais grave no Nordeste do que em qualquer outra região.
Araújo afirmou que a fundação pretende estreitar os laços com a comunidade negra do Maranhão. O estado, segundo ele, tem uma tradição de resistência e organização no movimento negro do país, tanto pela atuação do Centro de Cultura Negra, quanto pela força do reggae, no plano cultural.
O diretor da Fundação Palmares manifestou preocupação com a inserção do negro no mercado do trabalho. Ele citou dados do Ipea para informar que, no Nordeste, o negro ganha, em média, 50% do salário do branco.