Cinema brasileiro volta à moda, diz secretário de Audiovisual

27/01/2004 - 17h14

Brasília, 27/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O secretário para o Desenvolvimento das Artes Audiovisuais do Ministério da Cultura, Orlando Sena, disse hoje que a indicação do filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, ao Oscar é merecida e que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood reagiu bem à nova fase do cinema brasileiro. O filme recebeu, neste ano, quatro indicações: diretor, roteiro adaptado, edição e fotografia.

"A decisão da Academia reflete uma aceitação de que o cinema brasileiro vive uma nova fase, não apenas em sua popularidade, mas da qualidade e das novas propostas de linguagem", afirmou Sena. Ele disse, ainda, que só pelo fato de o filme "Cidade de Deus" ter sido indicado para o Oscar, a indústria do cinema nacional como um todo receberá um enorme estímulo para crescer. "Isto é ‘um degrau a mais’ do prestígio nacional. A produção brasileira voltou a estar na moda", afirmou.

"Cidade de Deus" chegou a concorrer ao Oscar em 2003, mas a Academia rejeitou a indicação. O filme, que ainda não era muito conhecido pelo público, passou a receber maiores investimentos, ao longo do último ano, para divulgação no exterior, o que acabou dando certo. Orlando Sena enfatiza que isso não é incomum. "Os procedimentos da distribuidora foram normais e, para a nossa sorte, deram certo", acrescentou.

Sinopse

O principal personagem do filme Cidade de Deus não é uma pessoa. O verdadeiro protagonista é o lugar. Cidade de Deus é uma favela que surgiu nos anos 60 e se tornou um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro, no começo dos anos 80.

Para contar a história deste lugar, o filme narra a vida de diversos personagens, todos vistos sob o ponto de vista do narrador, Buscapé. Este, um menino pobre, negro, muito sensível e bastante amedrontado com a idéia de se tornar um bandido; mas, também, inteligente suficientemente para se resignar com trabalhos quase escravos.

Buscapé cresceu num ambiente violento. Apesar de sentir que todas as chances estavam contra ele, descobre que pode ver a vida com outros olhos: os de um artista. Acidentalmente, torna-se fotógrafo profissional, o que foi sua libertação.

Buscapé não é o verdadeiro protagonista do filme: não é o único que faz a estória acontecer; não é o único que determina os fatos principais . No entanto, não somente sua vida está ligada aos acontecimentos da história, mas, também, é através da sua perspectiva que entendemos a humanidade existente, em um mundo aparentemente condenado por uma violência infinita.

(Com informações do Ministério da Cultura)