Brasília, 21/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O coordenador da Dívida Pública, Paulo Vale, disse hoje que o ano de 2003 foi muito bom para a economia, com reflexo favorável sobre o comportamento dos papéis do Banco Central, atrelados à dívida pública mobiliária federal. Esse quadro segundo ele, foi possível com a expectativa futura de queda nos juros reais.
Em dezembro, os resgates de títulos públicos federais totalizaram R$ 22,3 bilhões, dos quais R$ 13,8 bilhões referentes aos vencimentos do próprio mês e R$ 8,4 bilhões referentes às operações de compra e troca. A dívida cambial e as operações de swap que venceram no mês (compra de dólares), foram roladas parcialmente, com as contratações feitas pelo Banco Central. Assim, os resgates realizados pelo BC superaram as emissões em ofertas públicas, acarretando um impacto monetário expansionista de R$ 3,8 bilhões.
O estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna em poder do público atingiu em dezembro R$ 731,4 bilhões, representando aumento de 0,43% em relação a novembro de 2003. Esse aumento decorreu da queda da taxa de juros e do equilíbrio cambial, permitindo o resgate de títulos no valor de R$ 3,8 bilhões. A parcela da dívida atrelada ao câmbio caiu de 23,8% para 22,1%: foram resgatados R$ 10,5 bilhões em títulos e swaps cambiais, mais R$ 3,3 bilhões decorrentes da apreciação do real, além da variação do cupom cambial, que permitiu ingresso de R$ 1,8 bilhão.
Vale afirmou que a expectativa do Tesouro é continuar buscando alongamento da dívida pública interna, a custo ainda mais baixo, decorrente da queda que vem acontecendo na taxa de juros, além do ajuste fiscal e em vista do equilíbrio geral da economia. Ele explicou que essa estabilidade vislumbra um universo futuro de juros reais mais baixos: eles já estiveram acima de 10% ao ano e hoje há expectativa de que se situem nos próximos anos entre 8,14% e 8,5% ao ano.
A tendência para o mercado de títulos, segundo Vale, é o aumento da participação dos pré-fixados na conversão da dívida pública interna. Ele disse que o quadro geral traz reflexos nos investimentos e a continuidade de reação positiva do mercado secundário de títulos, como vem acontecendo.
Na próxima semana ou nos primeiros dias de fevereiro, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, anuncia as metas do Plano Anual de Financiamento. Segundo adiantou Vale, as diretrizes vão continuar sendo as mesmas: aumento de prazo dos títulos, com maior participação dos pré-fixados pelo atrelamento ao índice de preços, redução de impacto cambial e a influência da Selic em queda. Essa política, segundo explicou, é que permite não apenas prazos maiores, mas menores custos dos papéis que financiam a dívida interna.