Márcia Detoni
Enviada especial

Mumbai (Índia) - Acompanhado apenas de um violão e cantando em português, francês, inglês e espanhol, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, foi um dos destaques da solenidade de encerramento do 4o. Fórum Social Mundial. "Aqui eu vejo, eu escuto, eu sinto uma celebração planetária da espécie humana. Uma concentração poderosa de diversidade étnica, social e política que abraça a humanidade e representa sua principal conquista", disse Gil em um discurso lido em inglês antes de começar a cantar.

"Este fórum social é uma grande ágora contemporânea, um território livre para. Um ponto de encontro para propostas, experiências e valores", prosseguiu o ministro. Em entrevista à imprensa brasileira, antes do show, Gil ressaltou a importância do Fórum, que o fez embarcar em uma viagem longa para ficar apenas um dia em Mumbai. Gil chegou à capital financeira da Índia às 2h30 (horário local) de quarta-feira com passagem marcada para retornar ao Brasil logo depois do show.

"Estou cansado, mas me sinto muito bem", disse Gil, comentando sua satisfação em participar do encerramento do Fórum. "Em uma sociedade cada vez mais violenta, é preciso que haja encontros como o Fórum Social Mundial para que se discuta formas de harmonização, pacificação e conciliação entre os interesses comerciais e os interesses sociais e ecológicos", acrescentou.

Sem o apoio de sua banda, Gil conseguiu animar as mais de 50 mil pessoas presentes explorando a riqueza de sua voz e convidando o público a repetir com ele alguns gritos e vogais. O público gostou, cantou, bateu palmas e até quem estava sentado levantou.

O show começou em português com "Filhos de Gandhi" e prosseguiu em inglês com "No Woman No Cry", "Three Little Birds" e "Imagine". O ministro também cantou uma música em francês e encerrou sua participação com "Soy Loco por ti América", em espanhol. O show começou por voltas das 20h (12h30 em Brasília) e durou cerca de 45 minutos. Depois cantaram músicos africanos e indianos.

Pressão

A solenidade de encerramento do 4o. Fórum Social Mundial foi presidida pela relatora especial da ONU em questões de abuso aos direitos humanos, Asma Jehangir. Os oradores convocaram o movimento social a manter a pressão sobre os governos para impedir que a globalização e as políticas neoliberais provoquem ainda mais desemprego e pobreza.

A relatora da ONU foi bastante aplaudida quando disse que a luta dos movimentos sociais é vitoriosa porque é baseada em princípios. "O século 21 é o século do povo", afirmou.

O Fórum Social Mundial é apenas um espaço de debates e não toma decisões no final do encontro. Mas os organizadores já estão pensando em mudar de estratégia no próximo ano, quando o evento volta à Porto Alegre, estabelecendo alguns pontos comuns de luta para os movimentos sociais do mundo inteiro