Ativistas planejam estratégias para enfrentar a OMC na questão dos remédios para Aids

19/01/2004 - 19h08

por Joyce Mulama

Munbai, Índia - Pessoas envolvidas em campanhas a favor dos portadores de Hiv/Aids nas nações em desenvolvimento estão se mobilizando para fortalecer seus ataques contra a Organização Mundial do Comércio (OMC) que estaria criando dificuldades de acesso ao tratamento às pessoas doentes.

Elas dizem que a OMC opera em função de interesses do ocidente que sufocam países em desenvolvimento, permitindo práticas desleais no comércio. Os ativistas reclamam também que o resultado é que fica impossível para nações pobres obter remédios baratos, especialmente remédios anti-retrovirais (ARV).

"Estamos nos unindo para fazer lobby na OMC com o objetivo de assegurar um comércio livre e justo no qual pessoas com Hiv/Aids nos países pobres possam conseguir tratamento", declarou Kátia Guimarães, da Articulação de Mulheres Brasileiras. Esse grupo e grupos similares da Ásia, África e América do Sul devem se reunir em março no Brasil.

Guimarães também declarou que acordos bilaterais de comércio entre as nações ricas e pobres sempre favorecem as primeiras, discriminando as ùltimas. "Os acordos têm vantagens para os ricos e não preenchem as necessidades dos pobres", diz.

Segundo os ativistas, sem uma revisão dos acordos de comércio, muito mais gente com Aids vai morrer apesar do compromisso assumido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de providenciar remédios contra a doença para milhões de pessoas com necessidades urgentes nos países em desenvolvimento. A OMS anunciou, no ano passado, que iria entregar ARV para 3 milhões de pessoas em nações pobres até 2005.

"Não acredito que a OMS vá conseguir fazer isso no meu país. Será quase impossível na Índia onde uma pessoa morre a cada seis minutos por causa do Hiv/Aids", assinala Jyothi Kiran, que é membro de um grupo de apoio a mulheres doentes. Kiran explica que mesmo com preços reduzidos por subsídios do governo os remédios continuam caros demais.

"O preço subsidiado está em torno de US$11 (500 rupees). No plano de saúde particular é o dobro, US$23 (1.000 rupees). Poucas pessoas podem pagar", diz. Mas, mesmo que o tratamento fosse de graça, há outros problemas. Os testes para estabelecer o tratamento correto são caros. Testes como o "CD4" e o "carga viral" são imprescindíveis para o tratamento ter êxito. O governo precisa considerar isto, acrescenta Kiran.

Na sua campanha, os ativistas estão forçando as pessoas a tomarem conhecimento do problema e a pensarem em soluções. Pressão constante nos governos é visto como essencial para o movimento ter sucesso.