MEC contrata 15 pesquisadores para conhecer proposta pedagógica de povos indígenas

16/01/2004 - 16h40

Marina Domingos

Brasília, - Com o objetivo de elaborar propostas pedagógicas para o ensino médio dos povos indígenas brasileiros, a Secretaria de Ensino Médio e Tecnológico do Ministério da Educação está contratando, até o final de janeiro, 15 pesquisadores que irão atuar nas aldeias e tentar traçar um diagnóstico das necessidades desses povos. Os pré-selecionados estavam entre os 250 pesquisadores que enviaram seus currículos ao MEC.

De acordo com a assessora para Assuntos Indígenas da Secretaria de Ensino Médio, Mônica Pechincha, o ministério possui apenas um panorama geral da situação e precisa de detalhes para elaborar propostas que sejam coerentes com a realidade de cada povo.

"Queremos fazer um diagnóstico aprofundado, que faz parte de um plano de estudos e pesquisas componente do Programa Diversidade na Universidade, que irá formular políticas específicas para o ensino médio dos povos indígenas", explica ela.

Segundo ela, as áreas com maior demanda pelo ensino médio, até agora, são nos estados de Roraima, Mato Grosso do Sul, o Nordeste, alguns povos do Mato Grosso (Bororo, Xavante e Bacairi), além da região Sul do país (Kaingangue e Xokleng).

Inicialmente, os especialistas irão realizar uma pesquisa quantitativa, analisando aspectos de infra-estrutura, pessoal e a procura dos alunos para o ensino fundamental e médio. A expectativa é de que os dados estejam prontos em seis meses.

"É um trabalho que começa com dados quantitativos em relação aos números de matrículas de 5a à 8a séries, para ver a demanda potencial. O número de alunos matriculados no ensino médio, dentro e fora das terras indígenas, e as escolas que existem dentro das áreas indígenas, se essas escolas são regularizadas ou não e se esses professores são indígenas ou não", disse.

A assessora lembra que é importante descobrir o que os povos indígenas esperam do ensino médio e como serão organizados os currículos. "Não é uma simples adaptação. É uma construção pedagógica e uma questão de relacionamento intercultural no que diz respeito a esses conteúdos. O que for de interesse para os projetos futuros dos povos", completa Mônica.