Nestlé estuda compra da produção de leite antes absorvida pela Parmalat

15/01/2004 - 7h27

Brasília, 15/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Nestlé do Brasil fará um estudo sobre sua capacidade de absorver a produção leiteira vendida à Parmalat, segundo disse ontem o presidente da empresa suíça, Ivan Zurita, depois de um encontro com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

De acordo com Zurita, o ministro solicitou que a Nestlé auxilie o governo a minimizar os impactos da crise da Parmalat junto aos produtores nacionais de leite. A Nestlé é o principal comprador do leite brasileiro, adquirindo 8% da produção, que representam 1,7 bilhão de litros/ano. A Parmalat detinha 5% da produção, o equivalente a 1,2 bilhão de litros/ano.

Ivan Zurita disse que sua empresa se sente na obrigação de responder à solicitação do ministro Roberto Rodrigues e minimizar os efeitos da crise da Parmalat. Na próxima semana, informou que terá novo encontro com o ministro Roberto Rodrigues para apresentar a proposta da Nestlé. Zurita informou ainda que no momento a empresa não está em condições de comprar leite além de sua capacidade, porque o Brasil está no período de alta safra. Porém, de acordo com ele, em dois meses, quando começa a entressafra, é possível que possa assumir as compras da Parmalat. Zurita disse ainda que a capacidade de absorção seria de 500 mil litros/dia.

O presidente da Nestlé antecipou que a empresa fará uma avaliação do comportamento do mercado interno, para decidir sua forma de atuação frente a crise. "O Brasil, historicamente, importa leite na época do maior consumo, e se você tem maior fornecimento é possível absorver a produção e o ideal é absorver o leite disponível no mercado interno", afirmou.

Ele também negou que a Nestlé tenha a intenção de adquirir plantas da Parmalat, porque as duas empresas trabalham com tecnologias diferentes. "Embora tenhamos capacidade de trabalhar com produtos como leite condensado, por exemplo, a nós o que interessa agora é o fornecimento, o crescimento e a manutenção da cadeia produtiva".

Neste ano, conforme Ivan Zurita, a Nestlé deve investir US$ 150 milhões nas suas 26 fábricas no Brasil e tem a previsão de crescer 7%, o que representa o dobro do crescimento previsto para o Produto Interno Bruto. No ano passado, o faturamento do grupo no Brasil chegou a R$ 9 bilhões.