USP desenvolve pesquisas na área de enxertos ósseos

14/01/2004 - 11h31

Brasília, 14/1/2004 (Agência Brasil - ABr) – Produzir tecido ósseo para enxertos a partir de ossos e pericárdio (membrana que envolve o coração) de bovinos. A técnica, que está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Bioengenharia, Materiais e Mineralização Biológica (LBMM) do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), poderá ser utilizada em fraturas extensas que necessitam de recuperação, lesões de cabeça e pescoço e na ortopedia.

Vários países já produzem polímeros que podem ser utilizados com essa finalidade, mas o material importado é caro demais para ser aplicado em grande escala. "É preferível gastar um pouco mais de tempo para desenvolvermos uma tecnologia nacional mais barata e tão eficiente como a outra", defende o professor e chefe do Departamento de Ciências Biológicas, José Mauro Granjeiro, que há vários anos trabalha no desenvolvimento da técnica.

Segundo o professor, os dois tipos de suporte que estão sendo testados são abundantes no Brasil e podem ser obtidos por preços baixos. Para cultivar os osteoblastos (células que produzem o osso), é necessário uma superfície onde eles possam se multiplicar e receber as proteínas que provocam seu desenvolvimento. Ossos e pericárdio bovino se mostram ideais para isso: "As duas superfícies têm uma trama de colágeno semelhante à dos humanos. Nelas, a célula óssea se liga e prolifera", explica Granjeiro.

Até o ano passado, os pesquisadores estavam estudando somente os ossos bovinos como matrizes para a produção dos osteoblastos, mas o suporte apresentou um resíduo tóxico – já eliminado – que impedia a multiplicação das células e atrapalhava seu desenvolvimento. Paralelamente, eles descobriram o pericárdio como uma nova e eficiente alternativa. O teste de compatibilidade em animais foi um sucesso e não apresentou qualquer sinal de toxicidade ou reação alérgica.

As pesquisas continuam e, segundo o professor, se tudo correr como o esperado, o núcleo de estudos poderá propor à Comissão de Ética em Pesquisas em Seres Humanos que a aplicação do estudo seja iniciada ainda este ano.

As informações são da Agência USP