Lula defende compromisso dos países latino-americanos no combate à fome e pobreza

13/01/2004 - 14h59

Nadia Faggiani
Enviada especial ao México

Monterrey - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje no discurso de encerramento dos trabalhos da Cúpula Extraordinária das Americas que é chegada a hora de resgatar e afirmar de uma vez por todas a primazia do interesse coletivo e da "coisa pública" no continente. Defendeu o
compromisso dos países latino-americanos no combate à fome, à pobreza e à exclusão social.

O presidente brasileiro falou a seus homólogos sobre as experiências brasileiras em programas sociais como o Fome Zero, implantado em 2.369 municípios, microcrédito e de financiamento para a agricultura familiar. Mencionou que até o final de seu governo mais de 11 milhões
de famílias pobres serão incorporadas ao Bolsa-Família, totalizando quase 50 milhões de pessoas. Ele declarou que está mais otimista após um ano de sua posse, porque o governo conseguiu recuperar a credibilidade, aprovar, em sete meses, as reformas da previdência
e tributária, que pareciam impossíveis de serem feitas. Elogiou, também, os avanços que a economia brasileira têm alcancado.

"Estou otimista porque estamos reduzindo as taxas de juros dentro do Brasil, porque aumentamos as exportacões, este ano bateremos um novo recorde da safra agrícola, passando de 122 milhões para 130 milhões de toneladas de grãos e porque temos mais dinheiro para investir em saneamento básico, habitação e porque nossa relação com a América do Sul talvez seja a melhor
de toda a historia do pais", enfatizou o presidente.

Lula defendeu que a integracao hemisférica seja feita pela via do diálogo político e da cooperação internacional para o desenvolvimento. "A estabilidade econômica foi pensada de costas para a justiça social. Uma exclusão secular ganhou maior dimensao na década passada. Trata-se de um modelo perverso que separou equivocadamente o econômico do social, opos
estabilidade a crescimento e divorciou responsabilidade e justiça. Devemos trabalhar com um novo conceito de desenvolvimento, em que a distribuição de renda nao é mera conseqüencia do crescimento, mas sua alavanca fundamental. Cabe ao Estado, em diálogo com a sociedade, traçar politicas para reduzir o fosso entre opulência e miséria", destacou.

O presidente mostrou-se desejoso de que se alcance a tão sonhada integração fisica de toda a America do Sul, com a consolidacao, dentro de três anos, do Mercosul e com a participacao de toda a América do Sul e Latina.

No proximo dia 30 de janeiro, o presidente Lula estará em Genebra, junto com o presidente da França, Jacques Chirac, e o Secretario Geral da ONU, Koffi Annan, para aprofundar idéias e convidar lideres mundiais a se engajarem no esforço global pelo desenvolvimento social do continente.