São Paulo, 13/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os pequenos empresários do comércio da região metropolitana de São Paulo estão otimistas quanto à possibilidade de um reaquecimento da economia, apostando no êxito das medidas anunciadas pelo governo federal para o crescimento sustentado.
É o que revela a pesquisa trimestral realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), realizada com cerca de 800 empresários do setor. De acordo com o resultado da Composição de Vendas e Inadimplência (CVI), 39,4% dos empresários acreditam que a economia do País será melhor em 2004, na comparação com 2003 e 46,4% deles esperam obter um desempenho mais favorável ao longo deste ano.
Na avaliação do economista Fábio Pina, assessor econômico da Fecomércio, esse otimismo reflete o que foi o primeiro ano de governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, "foi um ano de ajustes na macroeconomia com medidas de controle inflacionário e conquistas de queda na taxa de risco Brasil. O governo fez a sua lição de casa e, agora, abrem-se as perspectivas de ajustes na microeconomia". Para o economista, o País só vai conseguir combater o alto nível de desemprego e, conseqüentemente, melhorar a renda dos trabalhadores e ampliar a capacidade de compra ao criar condições para que todos os setores possam se desenvolver e não apenas este ou aquele segmento.
Comentando a intenção do governo em dinamizar a atividade agrícola entre outros setores com a geração de postos de trabalho no campo, afirmou que embora isto seja positiva é preciso levar em conta que apenas este segmento não teria capacidade de absorver a quantidade de trabalhadores que perderam os seus empregos, nos últimos anos.
Pina observou que o setor de comércio e serviços tem se mantido na liderança na geração de postos de trabalho e defendeu ser necessário diminuir a burocracia para a abertura das empresas de pequeno porte. Ainda na sua avaliação, a manutenção da taxa de juros em baixa é fundamental para alimentar o processo de retomada do crescimento econômico.
A pesquisa da Fecomércio também apurou, apesar de terem se manifestado otimistas, mais da metade dos pequenos comerciantes, 50,3% classificaram de "ruim e péssima" a atuação do governo, no período dos noves primeiros meses de administração. Outros 49,7%, no entanto, consideraram boa e ótima, o que mostra uma certa divisão de opiniões entre os empresários do setor. Essa posição foi coletada no último trimestre do ano e mostrou que houve uma mudança em relação aos três meses anteriores, quando 53% julgaram a gestão positiva. A alta taxa de desemprego foi apontada como o principal fator para essa queda na aprovação, sendo esta justificada citada por 29,9% do universo pesquisado. Mais da metade (51,3%) dos entrevistados demonstrou a expectativa de que a inflação permanecerá estável nos próximos seis meses e 29,4% acham que haverá uma redução.
De acordo com a análise técnica da Fecomércio, o descontentamento constatado está associado ao baixo desempenho no comércio em geral e ao fato de que os pequenos empresários perderam espaço para as grandes lojas cujo poder de atuação favorece aos negócios como, por exemplo, melhor condição de financiamento a juros mais baixos . Entre os entrevistados, 53,8% declararam que ter registrado queda nas vendas . No último trimestre, porém, o resultado negativo foi menor de 4,53% contra 11,34% do período anterior. Outro ponto positivo é que 79,4% dos empresários encerram o último trimestre com suas contas em dia contra 39,1% no terceiro trimestre. Também houve melhora na situação de inadimplência dos clientes, passando de 2,5% para 2,9%.