Ida de Lula ao México pode ajudar a exportação de carne

11/01/2004 - 9h42

Nádia Faggiani
Enviada especial a Monterrey

Monterrey - A presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva em Monterrey, norte do México, para participar da Cúpula Extraordinária das Américas, a partir de amanhã (12), pode estimular a construção de um diálogo em torno das exportações de carne bovina brasileira.

Após a crise "da vaca louca" nos Estados Unidos, o México procura novos mercados, mas ainda
com uma certa rejeição pelo gado brasileiro, que não está livre da febre aftosa sem vacinação. Na análise do chefe do setor comercial da Embaixada do Brasil no México, João Lucas Quental, de imediato não será possível ampliar as exportações brasileiras, mas é um momento de renovar
gestões políticas com o Brasil. "Ainda neste primeiro semestre, uma missão brasileira deve ser enviada ao México e ao Canadá, principais importadores de carne dos Estados Unidos.

Quental diz que o Brasil tem bons argumentos técnicos para convencer o governo mexicano a reconhecer o Brasil como fonte segura de carne bovina. Segundo ele, dois fatos tornam o momento propício para estreitar as relações entre os dois países: fontes de carne bovina que se mostraram ineficazes, como nos Estados Unidos, e o fato de o México não ser um mercado autosuficiente.

O embaixador diz que há dois anos vêm sendo discutidas entre os dois governos formas de viabilizar a exportação do produto. "Em 2002, uma missão técnica do México esteve no Brasil vendo a possibilidade de importar derivados de bovinos, como leite em pó e condensado. O México ficou de apresentar um parecer técnico definitivo. O nosso governo pediu que o Brasil seja reconhecido como país supridor confiável de bovinos" explicou.

O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina do mundo, superando até os Estados Unidos e a Austrália. No ano passado, o Brasil exportou 1,28 milhão de toneladas e obteve uma receita de cerca de US$ 1,4 bilhão. Os principais importadores de carne bovina do Brasil são os países da União Européia.

As exportações para o México, segundo João Lucas Quental, são nulas porque os mexicanos são muito rigorosos em relação ao gado que compram. A carne processada também representa exportações insignificantes para o Brasil. "O México é hoje livre de febre aftosa sem vacinação e o Brasil não", explicou.

O México tem se negado a reconhecer como zonas de comércio aquelas que já são livres de febre aftosa mas com vacinação, como é o caso do Brasil. O país tem proibido a importação de carne in natura. "Achamos, porém, que há possibilidade de reforçar o pleito do Brasil e preparar terreno para as gestões comerciais", diz Quental.

O México só importa carne bovina de países conhecidos com área livre de febre aftosa sem vacinação, caso dos Estados Unidos e Canadá. Os Estados Unidos fazem pressão para que a suspensão seja a mais curta possível, alegando que o animal doente era de origem do Canadá.

As exportações americanas de carne bovina para o México estão em torno de US$ 855 milhões ao ano, o equivalente a 350 mil toneladas.