São Paulo, 7/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O procurador-geral da Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, aguarda o recebimento dos trechos de escuta telefônica que indicam a participação de peritos do Instituto de Criminalística de São Paulo nas irregularidades descobertas pela Operação Anaconda, para dar início às investigações.
As gravações, autorizadas pelo Tribunal Regional Federal de São Paulo (TRF), já estão com a relatora do processo, a desembargadora, Terezinha Cazerta. A suspeita é de que os peritos estariam alterando laudos, colaborando no esquema de venda de sentenças, corrupção e tráfico de influência descoberto pela Polícia Federal e a Procuradoria da República.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou nota informando que a Corregedoria da Polícia Civil já pediu o envio das denúncias contra policiais e peritos à Procuradoria da República em São Paulo. Segundo a nota, existe "total interesse em apurar as denúncias" e o estado de São Paulo "é o único que tem lei específica para punir maus policiais, a via rápida".
A Ouvidoria das Policias do Estado aguarda o início das investigações, vai requerer informação do caso e cobrar a apuração da Corregedoria.
Para o secretário-geral, da organização não-gvernamental Transparência Brasil, Cláudio Abramo, a operação Anaconda mostrou que o mecanismo de controle do Judiciário não tem funcionado e essa "é uma das principais demandas que a sociedade coloca para o Judiciário: não se sabe o que acontece". Ele acrescentou que é necessário facilitar o acesso da sociedade ao sistema de informação das atividades do Judiciário.
Até o momento, a Operação Anaconda resultou na prisão de nove pessoas, dentre elas o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, tido como o mentor do grupo e responsável pelo esquema de vendas de sentenças judiciais e facilitação nos inquéritos. Os juízes, Ali e Casem Mazloum, foram afastados das funções e aguardam o andamento do processo em liberdade.