Trajetória benigna da inflação e recuperação econômica influenciaram queda dos juros para 16,5%

24/12/2003 - 9h32

Brasília, 24/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Banco Central divulgou a ata da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, que reduziu a taxa básica de juros (Selic) para 16,5% ao ano. No documento, o colegiado explicou que a decisão foi conseqüência da constatação de que a inflação está numa "trajetória benigna", somada à "recuperação balanceada" da atividade econômica e ao "quadro externo favorável".

O Copom avaliou que a queda nas taxas de juros reais de mercado "é compatível com a sustentação ao longo dos próximos meses da recuperação que se dissemina pelos diferentes setores da economia", mas sustenta que "a preservação das importantes conquistas no combate à inflação e na deflagração do processo de retomada da atividade econômica requer que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzida de forma parcimoniosa".

De acordo com a ata, "as perspectivas macroeconômicas estimulam o processo de flexibilização da política monetária", o que significa dizer que existe espaço para novas reduções da taxa básica de juros; pelo menos nos primeiros meses do próximo ano. O colegiado do BC analisou a evolução recente e as perspectivas da economia, interna e externa, e constatou que "os principais índices de preços mostraram redução ou estabilidade da inflação em novembro", com taxas de variação relativamente baixas.

Esse comportamento, segundo a nota, "favorece a consolidação de um quadro de controle da inflação, no qual os principais fatores de perturbação são percebidos como de caráter sazonal, com efeitos temporários". Caso, por exemplo, de carnes e alimentos agrícolas, cujo movimento de alta de preços em novembro sofreu desaceleração na comparação com outubro, ao contrário de vestuário, ônibus, energia e jogos lotéricos que tiveram aumentos de preços no mês.

Em contraposição, os combustíveis registraram quedas de preços em novembro. A gasolina deve encerrar 2003 com alta acumulada de apenas 0,9%, e o gás de cozinha com aumento de 3,7%, embora o quadro para 2004 seja um pouco mais elevado. O Copom prevê aumentos de 9,5% para a gasolina e de 3,5% para o gás, por causa do aumento da alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), cobrada sobre a negociação de combustíveis, previsto na reforma tributária.

De forma geral, as previsões para preços administrados em 2004 são melhores que neste ano. O Copom estima reajustes acumulados de 7,8%, contra majorações acima de 13% em 2003. As tarifas de energia elétrica residencial aumentaram 21,6% neste ano, e a previsão de reajuste da energia em 2004 cai para 7,2%. Telefonia fixa, outro item de serviço público com forte peso na composição de preços, também terá reajuste mais brando no ano que vem: em torno de 6,6% como estima o BC. A intenção do governo é perseguir a meta de inflação de 5,5% em 2004.