Roma - A empresa italiana Parmalat tenta buscar alternativas para enfrentar a profunda crise financeira pela qual está passando. De acordo com informações da imprensa italiana, a empresa pode decretar "administração controlada" para evitar que os credores peçam sua falência.
A Parmalat, que possui filiais em todo o mundo, revelou na última sexta-feira ter um rombo em suas contas de quase 4 bilhões de euros, (US$ 4.9 bilhões). Trata-se do maior escândalo empresarial do momento na Europa.
O assunto veio à tona após o Bank of America ter comunicado que documentos mostrando que a Parmalat teria 3.95 bilhões de euros nas ilhas Cayman teriam sido falsificados.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, afirmou no sábado considerar as revelações da Parmalat "quase inacreditáveis". Contudo, ele comprometeu-se a ajudar a oitava maior empresa italiana a sair dessa crise. O governo italiano deverá discutir a crise amanhã. A Parmalat emprega mais de 36.200 pessoas em suas 146 fábricas, em cinco continentes, produzindo laticínios, pães, sucos de frutas e produtos à base de tomate.
A falência ameaçaria esses empregos, bem como o reembolso de cerca de 2 bilhões de euros referentes a empréstimos bancários e 4 bilhões de euros devidos a credores.
Enrico Bondi, economista que assumiu a direção da Parmalat após o fundador e ex-presidente Calisto Tanzi ter renunciado ao cargo no início do mês, vem se encontrando com banqueiros do grupo a fim de decidir como propor demanda em juízo para proteger-se dos credores e manter a Parmalat em funcionamento. Bondi poderia solicitar ao tribunal que declare a Parmalat na condição de "administração fiscalizada", segundo comunicado de uma fonte industrial.
O processo daria à Parmalat uma proteção de até dois anos com relação aos credores enquanto sua situação financeira seria colocada em ordem. As perdas com o escândalo da Parmalat podem chegar a 4 bilhões de euros. No domingo, o jornal italiano Corriere della Sera afirmou que Tanzi disse a investidores em potencial interessados pelo grupo, que a Parmalat não teria comprado de volta os 2,9 bilhões de euros de bônus, como havia sido detalhado nos registros da empresa. Isso elevaria o total da dívida a quase 9 bilhões de euros.
Dificuldades e dívidas
As ações da Parmalat registraram uma queda repentina nas últimas semanas após a empresa não ter realizado um pagamento de bônus. Elas caíram 66% na sexta-feira e estabilizaram-se em baixa de 87%
Dificilmente a Parmalat conseguirá uma proteção a tempo, hoje venceu a segunda parcela de pagamento no valor de 400 milhões de dólares referentes a resgate de títulos de investidores de uma unidade da empresa no Brasil. A Parmalat efetuou o pagamento da primeira parcela que venceu na semana passada.
No início do mês a Parmalat também não conseguiu pagar a tempo um reembolso no valor de 150 milhões de euros em bônus, apesar dos 4,2 bilhões de euros em liquidez em sua balança. A inadimplência forçou o fundador Tanzy a passar a administração da empresa a Bondi.
Com informações da CNN