Brasília, 22/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O volume de operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 404,9 bilhões no mês de novembro, o que significa expansão de 2,5% no mês e de 7% no acumulado do ano. Foi o melhor resultado mensal desde setembro do ano passado, sustentado, em grande parte, pela redução dos juros de mercado, no segundo semestre, e pela recuperação da demanda de consumo.
A revelação foi feita hoje pelo economista Luiz Sampaio Malan, do Departamento Econômico do Banco Central, ao divulgar o relatório mensal sobre Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro. Ele adiantou que já se observam, também, "sinais positivos na procura de recursos para investimentos", evidenciados pelo aumento de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os bancos privados emprestaram R$ 239,9 bilhões, com aumento de 2,4% em relação a outubro, e os bancos oficiais realizaram operações no volume de R$ 165 bilhões, com crescimento mensal de 2,7%. Os desembolsos destinaram-se, na maior parte, a setores da indústria (R$ 116,915 bilhões), pessoas físicas (R$ 92,604 bilhões), serviços (R$ 69,104 bilhões), setor rural (R$ 43,835 bilhões), comércio (R$ 42,486 bilhões) e habitação (R$ 25,048 bilhões).
O crescimento mais acentuado do ano em operações de crédito é no setor rural, que evoluiu 2,1% em novembro e soma aumento percentual de 26,4% em 2003. O resultado se deve ao fortalecimento do agronegócio no país, que vem registrando sucessivos recordes de safra agrícola e de exportação de alimentos. Mas, no mês, as maiores variações positivas ficaram com os setores de serviços (4,5%), indústria (3,3%) e comércio (3,1%).
Malan destacou também o crescimento gradativo das operações de crédito por pessoas físicas, que teve evolução de 1,4% em novembro e soma 13,3% no acumulado do ano. Esse processo foi mais acentuado de setembro em diante, em função da queda da taxa básica de juros (Selic), iniciada em junho, e repassada em parte para os juros de longo prazo. Como exemplo, ele citou os juros do cheque especial, que caíram 0,9 ponto percentual no mês e acumulam queda de 17,4 pontos percentuais no ano, embora ainda continuassem muito altos em novembro, com média anual de 146,5%.
O crédito pessoal, nas operações prefixadas com recursos livres, teve comportamento de queda mais forte no mês passado, com cobrança de 82% ao ano. Caíram 1,3 ponto percentual no mês e 9,8 no ano. As operações para aquisição de veículos tiveram os menores juros para pessoas físicas, de 36,6%, com redução de 0,7 ponto em novembro e de 18,9% no ano. No cômputo geral, a média dos juros da rede bancária, em novembro, para pessoas físicas e jurídicas, foi de 59,5%, com redução de 1,1 pontos em relação a outubro e de 10,6% no acumulado do ano, retornando a patamares de maio/junho do ano passado.
O "spread" - a diferença entre a captação do dinheiro no mercado, pelos bancos, e o custo dos empréstimos - também registrou comportamento de queda, ainda que bem menor, e sem acompanhar a diminuição dos juros de mercado. O "spread" cobrado das pessoas físicas, em novembro, foi de 51,2%, e das empresas foi de 14,4%, com média de 30,4%. Isso significa redução de apenas 0,1 ponto percentual no mês, e soma 0,7 no ano, o que explica, em parte, os grandes lucros dos bancos.
O relatório do Banco Central divulgou também que o saldo da base monetária (dinheiro circulante) no mês passado atingiu R$ 62,4, com aumento de 8,2% na comparação com outubro e de 3,1% em doze meses. O saldo de papel-moeda foi de R$ 42,7 bilhões, e as reservas bancárias somaram R$ 19,7 bilhões, com crescimentos de 6,4% e 12,3% respectivamente, por causa das operações expansionistas do Tesouro Nacional (R$ 1,2 bilhão) e do BC (R$ 1,5 bilhão).