Brasília, 21/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Com a proximidade das chuvas de verão, a população deve ficar atenta para o risco de surtos de leptospirose. A doença, causada pela bactéria "leptospira", presente na urina de ratos, ainda é muito freqüente, principalmente em cidades como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, que, no período das chuvas, costumam ficar alagadas.
Nessas situações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes e eleva o risco de contato humano com a bactéria. Em 2002, foram registrados em todo o país 2.264 casos da doença e, neste ano, o número de registros chegou a 1.772 no início de dezembro. "Como leptospirose está muito associada a chuvas e, em muitos estados, elas começam agora, é possível que nós tenhamos neste ano o mesmo número de casos do ano passado", alertou o coordenador-geral de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage.
A leptospirose está associada a condições de moradia ruins, como a falta de infra-estrutura no escoamento de águas. A recomendação para fugir da doença é evitar o contato com a água ou lama de enchentes e impedir que as crianças brinquem ou nadem nesses locais. Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, detritos e desentupimento de esgotos devem usar botas e luvas de borracha ou sacos plásticos duplos.
Outro problema que contribui para o aparecimento da leptospirose é o acúmulo de lixo, principal fonte de alimento para os ratos. A dica dos técnicos de saúde é manter bem armazenados os recipientes de lixo, colocá-los na rua para a coleta pública pouco antes do lixeiro passar e jamais jogar em córregos e bueiros ou nas ruas.
A leptospirose é uma doença que mata em cerca de 15% dos casos, geralmente por insuficiência renal. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo - em especial na batata da perna - e calafrios, que aparecem de sete a oito dias após a contaminação.
"Todo caso de leptospirose tem de ser encaminhado para a unidade médica e em geral internado, porque muitos casos podem evoluir para formas mais complicadas, principalmente renal", explicou Hage. O tratamento da doença pode variar desde a administração de medicamentos específicos até medidas de suporte, como ventilação mecânica, transfusão sangüínea e outros procedimentos.
