Rio, 20/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Ballet vai juntar estrelas consagradas a jovens bailarinos que se formaram em comunidades carentes do Rio, neste domingo. Pela primeira vez, os primeiros bailarinos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ana Botafogo, Roberta Marques e André Valadão vão se apresentar com a companhia "Dançando para Não Dançar" em um palco montado ao ar livre, na Praia do Flamengo, em frente à rua 2 de dezembro, zona sul da cidade.
Hoje à tarde,a partir das 16 horas, será feito o Ensaio Geral para a apresentação com trechos do ballet Coppélia, marcada para amanhã, às 11 horas. "É o máximo. A valorização das crianças e do projeto que melhora a auto-estima delas", disse a coordenadora da Companhia, Thereza Aguilar.
Entre os jovens bailarinos formados pela Companhia Dançando para Não Dançar está Márcia Freire, moradora da Favela Pavão-Pavãozinho, em Ipanema, Zona Sul. Ela recebeu bolsa de estudos +da Alemanha e de Cuba, para onde voltaria este ano. Isso só não aconteceu porque foi aprovada com louvor e está fazendo parte do corpo de bailarinos que estão se apresentando por vários estados do país com a ópera Terra Brasilis, dirigida por Fernando Bicudo, diretor do Centro Cultural Ópera Brasil.
Há cerca de 380 crianças de dez comunidades do Rio estudam ballet clássico na Companhia Dançando para Não Dançar. Elas são moradoras dos morros do Salgueiro, dos Macacos, da Mangueira, do Chapéu Mangueira, da Babilônia, do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho entre outras comunidades atendidas.
Os alunos recebem também atendimento médico-odontológico e acompanhamento de assistentes sociais, psicólogos e fonoaudiólogos. Em oito anos de funcionamento da Companhia, 65 alunos foram selecionados para estudar na Escola de Dança do Teatro Municipal. A próxima prova para a escola que chega a ser considerada um vestibular está marcada para abril de 2004. Para a coordenadora Tereza Aguilar, a escola representa a entrada no mercado de trabalho. " Lá na Companhia, as crianças têm todo o acompanhamento e se tiver problema vai até para o psicólogo, tem todo um trabalho para segurar a onda, porque senão um ano depois algumas acabam largando as aulas, mas na Escola é a disputa. Lá elas enfrentam a realidade do mercado de trabalho."