Brasília, 18/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Um estudo realizado pelo governo revela que não há falta de água no Piauí. O estado, com quase três milhões de habitantes, localiza-se no nordeste semi-árido, região mais seca do país, e participa com 22% de sua área do Polígono da Seca, apesar de apresentar características também de cerrado e da amazônia.
De acordo com o diagnóstico elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), no Piauí há água subterrânea em quantidade suficiente para atender toda a população. O problema é a utilização desorganizada e predatória, detecta o estudo. Entre as 171 cidades visitadas por técnicos da ANA, 22 utilizam água superficial como fonte de abastecimento e na maior parte a captação superficial é complementada com captação subterrânea. As demais usam água subterrânea, que em muitos casos é salobra e necessita de dessalinizadores.
A pesquisa aponta realidades diferentes. Lugares onde a população é mais bem servida e não há escassez e as cidades aonde a água não chega às torneiras. O relatório traz também cenários que mostram a realidade no estado como barragens construídas e depois abandonadas, poços em condições precárias de manutenção.
De acordo com a Agência Nacional de Águas, no município de Caridade do Piauí a água salobra passa por um dessalinizador que abastece 226 famílias. Eles pagam R$ 3,00 para ter direito a 40 litros de água por dia. Enquanto que na cidade vizinha de Francisco Macedo, há também um poço com água salobra, só que o dessalinizador não funciona por falta de manutenção. A água chega canalizada somente para seis casas onde os moradores instalaram bombas individuais interligadas a suas próprias residências. O restante da população busca água no chafariz próximo, inclusive para lavar roupas nos tanques, que são públicos.
O estudo "Atlas de Obras Prioritárias" afirma que a escassez de água pode acabar desde que seja implantado um modelo de gestão e gerenciamento integrado dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
Os técnicos realizaram o levantamento durante três meses, com o objetivo de fazer um inventário da oferta de água bruta e identificar alternativas para as demandas atuais e futuras da população. Além do levantamento, o documento aponta recomendações.
O relatório será entregue amanhã à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e também ao governador do Piauí, Wellington Dias, às 10h, na sede da Agência Nacional de Águas.