CPI da Pirataria vai reconvocar ex-auditora da Receita

18/12/2003 - 6h55

Brasília - A CPI da Pirataria ouviu ontem em depoimento a auditora aposentada da Receita Federal, Norma Regina Cunha. Ela foi presa sob a acusação de pertencer a uma das maiores quadrilhas de falsificadores de cigarros, entre outros crimes, juntamente com policiais e juízes.

A CPI da Pirataria decidiu que vai convocá-la novamente porque, segundo os parlamentares, seu depoimento não atendeu às expectativas. Na próxima vez, ela virá como acusada e não como testemunha.

FALTOU COLABORAÇÃO

O deputado Júlio Semeghine (PSDB-SP) disse que Norma Regina foi convidada porque estava disposta a colaborar, fazendo revelações e dando detalhes da quadrilha. No entanto, ela adotou uma linha de depoimento em que não trouxe informações, nem mesmo sobre seu ex-marido, o juiz João Carlos da Rocha Matos.

CELSO DANIEL

Ao ser questionada pelo vice-presidente da CPI, deputado Júlio Lopes (PP-RJ), sobre o fato de fitas gravadas sobre o caso do assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, terem sido encontradas em seu apartamento, Norma Regina começou a chorar. Disse que tinha o direito de ficar calada, que preferia não tocar no assunto e que corre risco de vida.

ATAQUES DE FÚRIA

A depoente disse ainda à CPI que mantinha um relacionamento conturbado com o juiz João Carlos da Rocha Matos, com quem esteve casada entre 1988 e 1998. Por duas vezes, ela teria pensado na hipótese de pedir a interdição do juiz. Segundo Norma, Rocha Matos tinha ataques de fúria, nos quais teria agredido o próprio filho e tentado matá-la.

A auditora afirmou que sua maior preocupação é com o filho, que tentou o suicídio aos 7 anos de idade. Em 1998, ela teria se separado, mas os dois voltaram a conviver na mesma casa a pedido do filho. A depoente garantiu que não tinha conhecimento dos atos ilícitos do ex-marido e que passou a gravar as fitas que o comprometem como forma de se proteger.

Em outro trecho do depoimento, Norma não soube explicar as oscilações e a movimentação de sua conta bancária. Em 1998, a movimentação foi de R$ 156 mil; em 1999, subiu para R$ 872 mil; em 2000, baixou para R$ 246 mil; em 2001, voltou a subir para R$ 712 mil; em 2002; a movimentação foi de R$ 156 mil; e neste ano já havia chegado a R$ 201 mil.

O relator da CPI, deputado Josias Quintal (PMDB-RJ), pediu explicações para essas movimentações. Norma não respondeu e disse que suas declarações de renda estavam sendo analisadas pela Polícia Federal e pela CPI.

As informações são da Agência Câmara