Porto Alegre, 17/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Vigilância da Saúde constatou um quadro de infecção numa sala cirúrgica do Hospital da Visão, em Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre, onde 11 pessoas ficaram cegas após cirurgia. O Conselho de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), que realiza hoje vistoria completa no hospital, poderá suspender inclusive as consultas no local.
Segundo o Hospital das 20 pessoas operadas no dia 8 deste mês, 16 passaram pelo bloco onde foi constatado o foco da infecção. A direção do hospital desconhece o germe causador do problema e inspeciona equipamentos e instrumentos médicos para detectá-lo e começar o processo de desinfecção. Todas as cirurgias foram realizadas pelo mesmo médico, cujo nome é mantido em sigilo pela diretoria, até que se apurem as falhas na assepsia.
"Não sabemos direito a quem procurar nem onde. O que fizeram com minha mãe naquele hospital é um crime", desabafou a cabeleireira Celi Salete Almeida, 28 anos, que buscava informações na Promotoria de Justiça de Novo Hamburgo sobre como proceder a partir de agora.
A promotora de Justiça Silvia Regina Becker Pinto requisitou à instituição os dados preliminares sobre o caso e os prontuários dos pacientes atingidos infectados. Aberto em 2001, o Hospital da Visão atende pacientes da Região Metropolitana e do Vale do Sinos, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 14 meses de funcionamento, realizou 1,5 mil cirurgias no local. Dessas intervenções, 90% foram de catarata.
Em menos de um mês, é o segundo caso de infecção hospitalar com conseqüências dramáticas no Estado. Em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, nove crianças recém-nascidas morreram supostamente em decorrência de um surto na UTI neonatal e na unidade pediátrica da Santa Casa de Caridade.