Efeito da eliminação das restrições dos EUA ao aço só será sentida no médio prazo, garante IBS

17/12/2003 - 17h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A eliminação das restrições impostas pelo governo americano às importações de aço trará benefícios para os exportadores brasileiros apenas no médio prazo, declarou o presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia, José Armando de Figueiredo Campos. Destacou que o benefício mais importante foi a reafirmação do princípio de que a imposição da medida foi arbitrária e injusta e, portanto, ilegal.

"A (restrição) 201 foi construída em cima de uma mentira. Essa mentira era que as importações de aço teriam sido causa de danos que a indústria siderúrgica americana sofrera no período de 1998 a 2001", afirmou o Presidente do IBS. Explicou que, de fato, não foram importações subsidiadas que contribuíram para que a siderurgia americana atingisse o estágio negativo a que chegou.

Outro ponto relevante da eliminação das restrições foi o reconhecimento do órgão multilateral a Organização Mundial do Comércio (OMC) como um organismo de força. "Isso veio mostrar que a política de vale-tudo, de lei do mais forte, tem limites quando se trata do comércio exterior". A ameaça acenada pela União Européia de fazer retaliações no valor de U$2,2 bilhões, estrategicamente distribuídas em setores da economia americana em vários Estados, também contribuiu para a eliminação das restrições pelo governo Bush ao aço exportado por outros países.

Campos espera que as empresas brasileiras que tiveram exportações de laminados a frio e de galvanizados bloqueadas por força da salvaguarda voltem ao mercado. Alertou, no entanto, que levará algum tempo para que consigam retomar o espaço perdido e reconstruir a base de clientes.

Em relação a laminados à quente e chapas grossas, explicou que o Brasil está excluído em razão de questões de subsídio e, principalmente, anti-dumping. Quanto aos semi-acabados, lembrou a existência de um sistema de cotas em vigor que, em 2003, não foram preenchidas.