Brasília, 16/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A principal dificuldade para as micro ou pequenas empresas se consolidarem no mercado é a falta de conhecimento de gestão, é o que garante o gerente da unidade de orientação empresarial do Sebrae-DF, Ary Ferreira Júnior. Em dois anos, 65% dessas empresas deixam suas atividades ou mudam de ramo atuação.
"Para evitar a mortalidade é necessário fazer um planejamento antes de abrir a empresa, com análise da concorrência, o desenvolvimento da logística e comercialização", afirma. Ele explica que é preciso conhecer também o mercado consumidor, realizar estratégias de marketing e avaliação da atuação no mercado.
Para Ferreira, outros problemas, como dificuldades de acesso ao crédito e burocracia para se abrir uma empresa, ocorrem em decorrência da falta de conhecimento. "As pessoas não conseguem o crédito porque não têm uma gestão clara e não conseguem passar informações claras aos bancos", diz.
De acordo com Ferreira, a gestão familiar pode trazer prejuízos também. "O relacionamento interpessoal é mais difícil e, geralmente, o pequeno empresário não consegue separar a casa da empresa", afirma Ferreira. Atualmente, segundo ele, 70% das MPEs têm gestão familiar.
Segundo o gerente de orientação empresarial, o segundo passo depois de passar pelos dois anos de experiência no mercado é buscar um diferencial competitivo e acesso a novos mercados. "Depois de ter um conceito, uma carteira de clientes e uma boa rentabilidade, é hora de fazer uma nova avaliação e planejamento", explica Ferreira.
Há onze anos no mercado, o pequeno empresário Gabriel Sasse conta que as principais dificuldades enfrentadas para a criação da empresa foram falta de crédito, mão-de-obra qualificada e juros altos. "A gente esperava receber o dinheiro e pagávamos tudo à vista, não pegávamos crédito", afirma Sasse.
Segundo o empresário, para crescer no mercado foi necessário sair da informalidade. Nos primeiros anos da empresa, a pequena malharia produzia camisetas e vendia de porta em porta. O primeiro passo para conseguir ficar em dia com os tributos, foi buscar orientação e um contador. O resultado, depois de um ano, foi maior facilidade para negociar com outras empresas e a ampliação da produção. Atualmente, a malharia produz cerca de 200 mil camisetas, por mês.
O micro empresário, Earle Bastos Matos, afirma que também teve dificuldades de conseguir crédito no banco nos primeiros anos da agroindústria de ovos caipiras Aplic. "No começo, os bancos não acreditavam porque eu não tinha patrimônio e não era conhecido no mercado e não havia aquele relacionamento de confiança com o gerente", conta Matos. A produção inicial era de 30 dúzias por dia, vendida em feiras. Atualmente a empresa familiar produz cerca de 300 dúzias de ovos e vende em supermercados de Brasília.
Para superar as dificuldades, o micro empresário conta que passou a investir em um diferencial competitivo. "Nossa forma de criação das galinhas é totalmente natural. As aves são criadas ao ar livre e com ração natural. Assim conseguimos dar o sabor diferente aos ovos, sabor de ovo caipira", argumenta.